Uma parceria entre Sesi Paraná, Cifal (Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes) Curitiba e ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária) produziu uma pesquisa para mapear acidentes de trajeto no setor industrial paranaense. Um dos principais resultados obtidos foi a eficácia das campanhas de sensibilização na redução dos índices desse tipo de ocorrência.
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“A pesquisa mostrou que as indústrias que realizam campanhas de sensibilização e segurança no trânsito apresentaram uma taxa de acidentes menor, de 37 acidentes para cada 10 mil colaboradores. E nas que não realizam campanhas, essa taxa subiu para 63 acidentes, ou seja, 67% maior”, destaca Jorge Tiago Bastos, docente da UFPR e coordenador da cooperação técnica ONSV-UFPR.
Outro resultado relevante da pesquisa foi que as empresas de menor porte apresentam uma taxa de acidentes maior do que as de maior porte. “A taxa das empresas de menor porte foi de 69 acidentes por 10 mil colaboradores, enquanto nas de maior porte foi de 46 acidentes”, comparou.
Além disso, a taxa de acidentes de trajeto entre quem se desloca de motocicleta ao trabalho foi aproximadamente 30 vezes maior em comparação a quem se desloca de ônibus e 3 vezes maior comparando com quem se desloca de automóvel.
A coordenadora de Ações Estratégicas do Sistema Fiep, Priscila da Paz Vieira, destaca que estratégias eficazes podem ser definidas e implementadas nas indústrias a partir das informações trazidas pela pesquisa.
“Nesse sentido, o levantamento realizado é fundamental para se ter um panorama dos acidentes de trajetos no nosso Estado. Com essas informações, indústrias, governos e demais organizações podem definir suas estratégias de atuação para contribuir com a redução dos sinistros de trânsito no trajeto”, destacou.
RECOMENDAÇÕES
A partir dos resultados da pesquisa, foi criada uma lista com 10 recomendações focando a redução dos índices de acidentes.
A primeira é a realização de campanhas de sensibilização, direcionada para colaboradores mais jovens, do sexo masculino e com menos tempo de empresa. “Esse perfil apresentou uma maior taxa de acidentes”, citou Jorge Tiago Bastos.
Foi apontada também a necessidade de suporte e orientação para as micro e pequenas empresas para que possam desenvolver ações de sensibilização e segurança viária.
Outras recomendações foram o incentivo à oferta de transporte coletivo por ônibus fretado pelas empresas de maior porte e o incentivo ao uso do transporte público por empresas de menor porte.
Foram indicadas ainda ações de sensibilização voltadas para motociclistas e ciclistas. “Esses grupos foram os que apresentam maior risco de acidentes no trajeto para o trabalho”, destacou Bastos.
A pesquisa recomenda ainda o estímulo ou facilitação do acesso à vestimenta retrorrefletiva (coletes, jaquetas) para ciclistas e motociclistas; estímulo ao uso de adesivos retrorrefletivos para fixação nas motocicletas, bicicletas e capacetes; e estímulo ou facilitação de acesso ao uso do capacete entre os ciclistas.
Por fim, as duas últimas recomendações foram iniciativas de orientação às empresas a respeito do registro de informações sobre acidentes de trajeto, pois muitas declararam não possuir esse tipo de informação, e a alternância entre jornadas presencial e remota para os casos em que não há prejuízo à atividade laboral.
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CASE DE SUCESSO
Fábrica com sede em Curitiba que atua no mercado da comunicação visual há 26 anos, a Mão Colorida é uma prova de que as ações desenvolvidas para prevenir acidentes de trajeto realmente são eficazes.
“Começamos esse trabalho em 2018, porém a pesquisa foi um poderoso instrumento estratégico para que conhecêssemos a realidade de outras empresas (boas práticas e dados) e, desta forma, buscássemos soluções para a redução no número de acidentes de trajeto. Ficou claro que a informação foi essencial para os resultados obtidos”, destaca Arivonildo Assunção de Souza, gerente de Recursos Humanos da Mão Colorida.
Diariamente, os colaboradores participam do DDS (Diálogo Diário de Segurança), quando são abordados temas diversos como direção defensiva, a importância da utilização do cinto de segurança, as responsabilidades do pedestre, os direitos e deveres do ciclista, entre outros.
“Focamos em apresentar nas Sipats [Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho] palestras educativas com informações a respeito de direitos em caso de envolvimento em acidente de trânsito no trajeto casa-trabalho-casa. Também incentivamos a utilização do transporte público”, enumerou.
O gerente de RH considera que a disseminação de informações para todos os colaboradores trouxe resultados “maravilhosos”.
“Desde 2019 não temos acidentes de trajeto. Evidenciou-se que investir na preservação e na qualidade de vida dos nossos colaboradores trouxe ganhos como melhora do clima organizacional, sentimento de que a empresa se preocupa com seus colaboradores, diminuição do turnover (rotatividade) e redução do absenteísmo médico”, concluiu.
A PESQUISA
“A Caminho do Trabalho: uma pesquisa sobre acidentes de trajeto no setor industrial do Paraná” foi lançada em maio de 2021. Durante nove meses, gestores de 215 empresas (64% delas de médio ou grande porte e 36% micro e pequenas empresas), localizadas em 60 municípios do Paraná, responderam aos questionários. A pesquisa pode ser acessada na íntegra no seguinte link: sesipr.org.br/segurancaviaria.
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