Uma das instituições mais sedimentadas no mundo são as universidades. Milenares, elas embasaram a formação do Ocidente e do modelo de sociedade que vivemos atualmente em praticamente todo o planeta. No entanto, assim como está ocorrendo com todos os setores, as universidades também precisam inovar para sobreviver.
| Foto: Zaki Akel Sobrinho
Conversei com uma pessoa que tem um conhecimento profundo e sedimentado de como é possível atingir esse objetivo. Zaki Akel Sobrinho foi reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por dois mandatos, fez parte de inúmeros conselhos e grupos de nível estadual, nacional e internacional que debatem e realizam ações de fomento à inovação e atualmente assessora organizações que desejam mudar a partir de descobertas científicas.
Após décadas de trabalho, estudo e observação, o professor Zaki defende três elementos indispensáveis para o desenvolvimento do ecossistema de inovação do Paraná: I) formação de mão de obra; II) arcabouço legal; III) mentalidade focada na resolução de problemas por meio de negócios. Ele acredita que o item II está bem encaminhado com os marcos legais de nível nacional e estadual estabelecidos há pouco tempo. Para suprir o item I uma das alternativas é o Curso de Especialização em Gestão de Ambientes Promotores de Inovação – GAPI-Residência Técnica, assunto que tratamos nesta coluna recentemente. Já o aspecto III é o mais complexo.
Sempre defendi que a inovação é feita por humanos, cujas motivações determinam não apenas a possível mudança como o ritmo que elas acontecem. Não obstante a inovação seja o melhor caminho para muitos dos desafios que as universidades enfrentem, algumas pessoas desacreditam desse potencial. Penso que com certo tempo essa mentalidade tende a mudar, já que inovar nas universidades é inexorável. Aliás, todo o sistema público está mudando.
O professor Zaki acredita que criar e fortalecer vínculos com o setor produtivo pode ser uma das alternativas à carência de recursos para pesquisa científica. Sem dúvida que nada substitui o investimento público, contudo é inegável a sinergia que pode ser criada entre empresas privadas e pesquisa científica. Experiências internacionais já mostraram a eficácia dessa medida, que vem sendo replicada com sucesso no nosso estado. O ex-reitor está, inclusive, trabalhando em projetos que conectam o setor produtivo agrícola às entidades de fomento à inovação e às universidades no Oeste do Paraná. Aqui na Universidade Estadual de Londrina (UEL) já mostrei startups nessa direção e ainda o primeiro contrato de transferência de tecnologia da UEL com uma empresa privada.
Peter Senge, renomado professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), afirmou: “o futuro será, inevitavelmente, muito diferente do passado simplesmente porque as tendências predominantes que formaram o desenvolvimento industrial global não têm como ser mantidas (…) devemos aprender com o futuro à medida que ele emerge”. Eis o que precisamos fazer para gerar inovação 😉
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área. – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.