| Foto: Marcos Zanutto/8-2-2012
A sociedade brasileira passa por fortes mudanças comportamentais. Até alguns anos atrás, ter uma carreira bem sucedida era passar quase toda a vida na mesma empresa. Neste contexto, a busca pela estabilidade por meio de um concurso público era a meta de vida de muitos “concurseiros”.
No entanto, com as reviravoltas trazidas pela modernidade, e principalmente pela revolução digital, o conceito do empreendedorismo ganhou força no país. Porém, insere-se neste contexto o chamado “empreendedorismo por necessidade”, modalidade na qual a pessoa aceita o desafio de um negócio autônomo devido à falta de melhores alternativas profissionais.
Os índices de desemprego no país medidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, desde 2016, o Brasil registra taxas acima de 10%. E o panorama a curto prazo não é animador. Os dados do Sistema de Expectativas de Mercado do Banco Central mostram que as projeções do mercado financeiro indicam taxas acima dos 10% pelo menos até 2025. O que significa que o país ficará ao menos uma década com a taxa de inflação em dois dígitos.
A falta de intimidade do brasileiro com o empreendedorismo, aliado ao avanço galopante da inflação nos últimos anos, acabou por transformar o sonho do próprio negócio em pesadelo para muita gente. Atualmente, mais de 1,8 milhão de empresas estão inscritas na dívida ativa da União por terem débitos do Simples Nacional. Deste montante, 160 mil são microempreendedores da categoria (MEI). Os débitos do Simples Nacional inscritos na dívida ativa são de mais de R$ 137 bilhões.
Diante de um cenário econômico tão complexo, muitas pessoas acabam por apostar suas fichas na segurança do emprego público por meio dos concursos. As benesses de trabalhar para o Estado há muito tempo já não são tão atrativas como eram no passado, mas diante de um cenário de tantas incertezas, a estabilidade acaba por ser uma tábua de salvação.
É ingenuidade, no entanto, acreditar que o setor público poderá absorver toda a demanda de pessoas sem ocupação no país. Para se construir uma base sólida de crescimento, é necessário apostar, sim, na iniciativa privada e no microempreendedor. Porém, esse ambiente só será saudável se houver condições favoráveis para tal, como combustível a preço justo, investimentos em educação, infraestrutura.
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