Há poucos dias, a Folha de Londrina mostrou quanto a burocracia pode prejudicar o serviço público no Brasil. Em reportagem, o jornal trouxe a história de dois veículos que a Câmara Municipal de Londrina recebeu há quase quatro meses da Receita Federal, mas que até agora estão parados no estacionamento da Casa.
| Foto: Gustavo Carneiro – Grupo Folha
Os carros, duas caminhonetes, chegaram no dia 19 de outubro de 2021 e, na época, os vereadores enfatizaram a economia de recursos públicos, ainda mais porque dois dos cinco carros da frota oficial estão quebrados e não sairão da oficina tão cedo. A S10 modelo 2013 e a Saveiro de 2017 foram avaliadas em mais de R$ 100 mil e serão usadas para visitas à zona rural da cidade ou viagens oficiais
O presidente do Legislativo, Jairo Tamura, sabia que a entrega efetiva dos veículos poderia demorar, mas não esperava que a burocracia seria tão grande. “Encontramos algumas multas e comunicamos ao Detran de São Paulo, de onde esses carros vieram, para finalizar as infrações. Eu não achava que demoraria tanto. Foi uma surpresa”, afirmou à reportagem.
A situação da S10 já está normalizada, faltando alguns detalhes. Mas a Saveiro ainda não teve as multas baixadas e a Câmara não tem autorização para circular com o carro. A demora prejudica o trabalho dos vereadores no atendimento às comunidades.
Os vereadores, por morarem perto de seus eleitores e compartilharem com eles a rotina da cidade têm muito mais oportunidade do que um deputado ou senador, por exemplo, de ouvir sugestões, reclamações e pedidos. Parte dessas demandas são conhecidas em visitas aos bairros e distritos. Nesse sentido, os dois veículos doados pela Receita estão fazendo muita falta.
A burocracia tem razão de ser enquanto organização dos serviços da administração pública, suas rotinas e responsabilidades. O problema é quando esse processo toma uma proporção de morosidade, de longas tramitações, de demora ao extremo e de ineficiência.
Há muito se fala em desburocratizar e modernizar o serviço público, mas frequentemente nos deparamos com situações esdrúxulas, como a dos carros que a Câmara ganhou, mas até agora não conseguiu usar. É preciso racionalizar processo, fluxos de trabalho e aproveitar todas as possibilidades que a tecnologia oferece para reduzir os trâmites e melhorar o serviço que a administração pública deve oferecer à sociedade.
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