GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) – A ponte Ambassador, elo importante das economias do Canadá e dos EUA, foi reaberta no final da noite deste domingo (13), após quase uma semana fechada por um bloqueio de manifestantes contrários à obrigatoriedade da vacina, autodenominado “comboio da liberdade”, que ocupou diversas cidades canadenses.
A liberação da passagem, que transporta 25% de todo o comércio entre os dois países e por onde costumam passar 10 mil veículos comerciais diariamente, foi possível após uma liminar judicial expedida na sexta-feira (11) impedir os manifestantes de bloqueá-la. Policiais prenderam pelo menos 25 pessoas durante a operação de desobstrução da ponte que liga a cidade americana de Detroit à canadense Windsor.
O bloqueio da Ambassador havia virado ponto de tensão na relação com Washington, que pressionava as autoridades canadenses por ações mais contundentes. Liz Sherwood-Randall, conselheira de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, elogiou o que descreveu como esforços decisivos da força pública do Canadá ao longo da fronteira para conseguir a suspensão completa dos bloqueios.
A situação, porém, é diferente na capital do país, Ottawa, onde centenas de caminhoneiros entram na terceira semana de protestos. A administração local anunciou um acordo parcial com os líderes das manifestações do domingo, que comprometeram-se a deixar as áreas residenciais do centro da cidade nas próximas 24 horas.
O prefeito de Ottawa, Jim Watson, disse que a proposta faria com que os manifestantes deixassem uma região onde vivem 15 mil pessoas, mas que não seriam forçados a sair da Wellington Street, onde estão concentrados prédios da administração pública. “Minha preocupação tem sido dar algum alívio às pessoas que vivem nessas áreas.”
Enquanto isso, em repúdio ao que descrevem como impunidade, centenas de moradores da cidade organizaram contraprotestos, carregando cartazes com frases como “vão para casa, caminhoneiros” e “nossos vizinhos não merecem isso”. Relatos da emissora pública CBC indicam que grupos de 200 a 500 pessoas se reuniram em diferentes pontos de Ottawa contra os bloqueios.
Os protestos contra os caminhoneiros que bloqueiam as vias públicas foram chamados pelas redes sociais. Ex-vereador da cidade, David Chernushenko escreveu no Twitter que ele e sua família se juntariam à mobilização. “Ninguém parece estar fazendo nada sobre isso. Se a polícia tem uma estratégia, com certeza ela não é clara para nós”, disse. “Chegamos ao ponto em que nós temos de fazer alguma coisa.”
Os protestos canadenses respingaram em outros países, especialmente os europeus. Após uma tentativa frustrada de realizar mobilização semelhante na capital francesa, Paris, centenas de veículos que participam de atos contra o passaporte sanitário seguem até a cidade de Bruxelas nesta segunda (14).
Quase 1.300 carros teriam se concentrado na cidade de Lille, perto da fronteira franco-belga, segundo a polícia local. Ao som de buzinas em um estacionamento, os participantes gritavam frases como “não cedemos a nada” enquanto exibiam a bandeira nacional francesa. “Vamos a Bruxelas para tentar lutar contra essa política de controle permanente”, disse à agência de notícias AFP Jean-Pierre Schmit, 58, desempregado francês que participa da mobilização.
As autoridades belgas proibiram qualquer manifestação na capital Bruxelas com veículos motorizados. O prefeito da cidade, Philippe Close, anunciou que 30 veículos foram interditados nesta segunda quando tentavam seguir para a cidade. Já o premiê belga, Alexander de Croo, sugeriu na sexta que os manifestantes deveriam desistir de viajar a Bruxelas e recomendou que “protestem em seus países”.
A polícia divulgou comunicados nas redes sociais que destacam a proibição de protestos com veículos e recomendam que os manifestantes não sigam de carro até Bruxelas. Os comboios devem ser direcionados a um estacionamento de um centro de exposições na periferia da cidade. Os participantes de um protesto similar em Haia, na Holanda, também anunciaram a intenção de seguir até a Bélgica.