Como mostra reportagem de VEJA desta semana, o ano de 2022 não foi bom para as empresas de tecnologia, principalmente devido à alta de juros nos Estados Unidos. Porém, o cenário foi ainda pior para a empresa de carros elétricos de Elon Musk, a Tesla. Desde o final de 2021 até esta segunda-feira, 26, a empresa perdeu 672,1 bilhões de dólares em valor de mercado, uma queda de 63,36%. Para efeito de comparação a Amazon perdeu 48,57% enquanto a Apple caiu 27,71%.
Diversos fatores contribuíram com a desvalorização da empresa na Nasdaq, a bolsa de valores de tecnologia americana, e uma delas foi a venda de mais de 20 bilhões de dólares em ações por Elon Musk desde que publicou o seu interesse pelo Twitter. A compra da empresa e a entrada de Musk no cargo de CEO do Twitter preocupou os investidores sobre a perda de foco de Musk, que também é CEO da SpaceX além da Tesla.
Na semana passada, Musk fez uma enquete no Twitter na qual perguntou se deveria deixar o cargo de CEO da rede social, e 57,5% dos respondentes escolheram a opção “sim”. Com isso, ele postou na sequência que renunciará “assim que encontrar alguém tolo o suficiente para aceitar o cargo!”. Ainda assim, as ações da Tesla acumularam uma queda semanal de 18% até a sexta-feira, 23.
Vendas
Outro motivo da queda do valor de mercado da Tesla no último ano é o fato de ela ter sido superavaliada pelos investidores, com base nas promessas do que a empresa poderia ser no futuro. A realidade, no entanto, se mostrou diferente dos lançamentos de Musk, com atrasos de três anos em produtos anunciados pelo CEO, permitindo que concorrentes como a Ford e a Rivian passassem à frente com seus novos automóveis elétricos.
A meta de que as vendas cresceriam 50% ao ano, por sua vez, não será cumprida em 2022. A desaceleração da China com os casos de Covid e dos Estados Unidos com a inflação e a alta de juros levaram a empresa a oferecer dois grandes descontos em dezembro para os compradores, primeiro de 3.750 dólares e posteriormente de 7.500 dólares na quinta-feira, 22.
Musk não é mais otimista para o ano que vem e já alertou que a esperada recessão nos Estados Unidos impactará “desproporcionalmente” casas e carros. “Acho que haverá algum drama ‘macro’ que seja maior do que as pessoas pensam atualmente” disse ele em um evento do Twitter Spaces na última quinta-feira, 22. Se ele estiver certo, a empresa terá ainda mais motivos para ver o seu valor de mercado despencar.