AL KHOR, QATAR (FOLHAPRESS) – Uma das cenas da Copa do Mundo da Rússia foi Kylian Mbappé passando pelo argentino Marcos Rojo como se o zagueiro não existisse. Por derrotar Lionel Messi naquele 30 de junho de 2018, em Kazan, o atacante francês deu seu cartão de visitas no futebol mundial.
“Mandaram uma foto me colocando lado a lado com o Mbappé. Era realmente parecido quando jovem. O pessoal na Europa acha que ele vai ser o melhor do mundo”, disse Pelé, à Folha, no final daquele ano.
Até hoje o francês não conseguiu o prêmio da Fifa que Lionel Messi empilha desde 2009, quando ganhou a primeira vez. São sete.
Mbappé tem o título que o argentino mais deseja: é campeão mundial.
Os dois dividem artilharia da Copa do Mundo do Qatar (cinco gols), são as maiores armas ofensivas de suas equipes e decidem o torneio neste domingo (18), no estádio de Lusail.
Seria o encerramento dos sonhos da carreira de Messi em Mundiais. Aos 35, ele já avisou e confirmou que esta é sua última Copa. O confronto com os franceses, ganhando ou perdendo, será o seu derradeiro na competição. Com 23 anos, Mbappé pode ter múltiplas oportunidades pela frente.
Quando a França derrotou a Argentina há quatro anos, Lionel estava no meio de um elenco perdido, sem conseguir mostrar seu futebol e com uma comissão técnica em que o treinador (Jorge Sampaoli) não falava com seu principal auxiliar (Sebastián Beccacece).
Os europeus eram uma máquina bem azeitada que terminou invicta o torneio e levantou a taça anotando quatro gols na final, algo que não ocorria desde o Brasil em 1970.
Desta vez, parece ser diferente. Messi comanda o show de uma Argentina com torcida que tem lotado estádios no Qatar e deve tomar conta da arena de Lusail. A França se tornou um time eficiente, com Antoine Griezmann transformado em maestro no meio-campo, com Mbappé como arma mortal no contra-ataque.
Com 35,5 km/h registrados, Kylian é o jogador mais veloz da Copa do Mundo. É a referência técnica de uma seleção que foi ao Qatar com os desfalques de Benzema, Kanté, Pogba, Nkunku, Kamara e Kimpembe. Mesmo assim, tornou-se o primeiro time a atingir finais consecutivas do torneio desde o Brasil entre 1994 e 2002.
Messi e Mbappé são companheiros de ataque do Paris Saint-Germain. O clube é parte de um projeto de poder da família real do Qatar, que, no final de tudo, é a dona do clube.
Mas, se o argentino foi a contratação de impacto há duas temporadas, seu colega mais jovem é a joia da coroa, o futuro não apenas da agremiação mas do futebol francês Neymar, outro que valeu alto investimento qatariano para que vestisse as cores do PSG, ficou pelo caminho no Mundial.
“Poder conseguir isso e jogar minha última partida em uma final é emocionante. É algo muito emocionante tudo o que tenho vivido aqui”, disse o capitão argentino após a vitória por 3 a 0 nas semifinais, diante da Croácia. Uma partida em que fez um gol de pênalti e deu passe para Julián Álvarez marcar o terceiro.
Neste último lance, o camisa 10 alviceleste aplicou drible desconcertante em Gvardiol, zagueiro avaliado em 100 milhões de euros (R$ 564 milhões) e 15 anos mais jovem. Pela quarta vez em seis oportunidades no Qatar, foi eleito o melhor da partida.
Ao final do duelo semifinal com Marrocos, Mbappé trocou camisa com rival e perdeu a saudação dos demais jogadores à torcida francesa atrás de um gol. Depois, o grupo fez o movimento que tem repetido em todas as partidas, correndo em disparada da entrada da área e saltando antes de chegar ao gol. O atacante correu com todos e chegou em último.
Deve ter guardado as energias para enfrentar Lionel Messi pelo segundo Mundial consecutivo. Agora na final.