Profissionais e entidades ligados à cultura local lotaram parte das galerias da Câmara Municipal de Londrina (CML) na sessão da tarde desta quinta-feira (15) para pressionar o parlamento local contra as emendas do vereador Santão (PSC) que, conforme adiantado pela FOLHA na segunda-feira (12), retirariam R$ 2 milhões do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) dentro do orçamento de 2023.
Após cerca de duas horas e meia de debate, as emendas de Santão acabaram rejeitadas pela ampla maioria dos vereadores. Somente Jessicão (PP) seguiu o voto favorável do autor nas três propostas. Em uma delas, que transferiria R$ 500 mil do Promic para a Fundação de Esportes de Londrina (FEL), também houve apoio do vereador Giovani Mattos (PSC). Ele e Roberto Fú (PDT) votaram a favor da emenda que pedia a retirada de R$ 500 mil do programa cultural para serem alocados na Secretaria de Defesa Social.
Projetada em R$ 2,8 bilhões, a peça orçamentária descrita no PL 182/2022 foi votada em segunda discussão (ou seja: em definitivo). O clima ficou tenso desde o início da tarde e o debate precisou ser interrompido mais de uma vez, pois houve bate-boca entre o grupo contrário e pessoas favoráveis a medida de Santão – que, em menor número, ocuparam a outra metade das galerias da Casa.
Pouco antes das 15h, o vereador deixou o plenário para, segundo ele, comparecer a uma audiência judicial relativa a seu trabalho de policial rodoviário federal. Vaiado por manifestantes contrários às emendas, o vereador discutiu com o grupo: “Vocês comprovam que não merecem o dinheiro público”, disse.
“Eu penso que saúde, educação e segurança são prioridades. A manipulação da cultura é a forma mais sórdida de dominação”, alegou o vereador ao retornar para a sessão. “A gente não está aqui para digladiar. A beleza da democracia é você poder discordar das outras pessoas”, contemporizou logo em seguida.
“Eu consultei os secretários e nenhum deles estava sabendo da sua emenda”, argumentou o líder do prefeito Marcelo Belinati (PP), Mestre Madureira (PP), ao apontar que a alteração, conforme o Executivo, prejudicaria o planejamento orçamentário do município para o próximo ano. “Os secretários preferem que o dinheiro entre como aditivo em janeiro do que emenda”, defendeu.