SÃO PAULO, SP (UOL – FOLHAPRESS) – Julián Álvarez disparando aos trancos e barrancos, tomando decisões que de início pareciam equivocadas, e só parando de correr após comemorar, nesta terça-feira (13), o segundo gol da vitória da Argentina contra a Croácia é o resumo da Scaloneta.
Esse é o “veículo” no qual o grupo comandado à beira do campo por Lionel Scaloni subiu para chegar à final da Copa do Mundo de 2022. Com “pneus” trocados e ajustes feitos com o carro em movimento, a Argentina está a um passo de concretizar o sonho de voltar a ser campeã mundial, após 36 anos.
A vitória sobre a Croácia, com a autoridade que um placar de 3 a 0 é capaz de dar, referenda o trabalho de um técnico novato, até desacreditado, mas que alcançou uma simbiose com seus comandados e a torcida.
Mais do que isso, conseguiu alcançar uma fórmula para potencializar o gênio que tem a seu favor -Lionel Messi-, independentemente do ajuste dos operários ao redor.
A conquista da Copa América 2021, derrotando o Brasil na final do Maracanã, já lavou a alma de um país em jejum ao longo de 28 anos. Foi naquela competição que o apelido Scaloneta apareceu, em uma referência a um ônibus no qual grupo subia e era pilotado pelo seu técnico. A imagem se materializou e se espalhou nas redes sociais.
Agora, falta só a final para a decolagem da Scaloneta rumo ao Olimpo argentino, onde atualmente estão a Argentina de Mario Kempes e Passarela, em 1978, e a versão mais amada, de Maradona naquele inesquecível 1986.
A Scaloneta que chegou ao Qatar com 36 jogos de invencibilidade parecia com parafusos soltos diante da Arábia Saudita. A derrota por 2 a 1 na estreia foi chocante.
O Lionel técnico nem pestanejou e fez cinco trocas no time titular para o jogo seguinte, contra o México, que já tinha ares dramáticos. Em caso de derrota, a eliminação poderia vir. Não veio.
A expressão de Pablo Aimar, ex-meia que é um dos co-pilotos (auxiliar técnico) dessa Scaloneta, dava o tom do alívio e da paixão envolvida no projeto. Polônia, Austrália, Holanda e agora Croácia ficaram pelo caminho, graças a ajustes pontuais jogo a jogo.
A defesa em três para enfrentar os holandeses e o meio-campo mais povoado e encorpado para neutralizar os croatas são exemplos de sacadas de sucesso na campanha no Qatar. A própria entrada de Julián Álvarez, um dos atores principais da semifinal, com dois gols, faz parte da lista.
A Argentina foi ganhando corpo. Messi foi brilhando. E o gerúndio aparece na construção deste texto porque o trabalho está em andamento. O toque final pode vir no domingo, no estádio Lusail, contra o vencedor de França x Marrocos.