O exercício de uma boa gestão tem muito a ver com os resultados que você colhe no curto prazo. É por isso que valorizamos o gerente de vendas que bate metas todo mês ou o novo diretor fabril que aumenta a produtividade da equipe logo de cara ao atacar cirurgicamente alguns problemas operacionais que ninguém enxergava.
No entanto, você não pode correr o risco de se tornar um líder obtuso que “vive apenas o hoje”, focalizando o aqui-e-agora a tal ponto que ações estratégicas deixem de receber a sua atenção. Afinal, um dia a conta chega…
Pensando nisso, na coluna de hoje quero ajudá-lo(a) a refletir: você está construindo herança, legado ou dívidas em sua gestão? Se fosse para fazer um balanço do trabalho realizado até o momento ou se a sua sucessão estivesse em curso, o que deixaria às pessoas e à organização?
Herança diz respeito às riquezas materiais e intelectuais que você produz e que permanecem na companhia durante algum tempo. Como acontece com o gerente de P&D que ajuda a lançar um novo produto no mercado responsável por acelerar o crescimento do negócio como um todo ao longo da década seguinte.
A ampliação do prédio da empresa, a melhoria de processos-chave, a implantação de uma importante metodologia de gestão que veio para ficar ou a estruturação de um novo departamento interno também são bons exemplos de herança.
Já legado tem a ver com os bens imateriais que você constrói no dia a dia por meio dos princípios e valores que dissemina, além do próprio exemplo de vida. E é o que fará ser lembrado com carinho mesmo alguns anos depois da saída da empresa.
Portanto, você sabe que deixou um bom legado quando, mesmo não estando fisicamente por lá, as pessoas continuam a contar as histórias que se passaram com você, repetem as frases que dizia e antes de decidirem alguma coisa pensam em como agiria naquela mesma situação.
Tem gente que constrói herança, mas não produz legado; e o contrário também é verdadeiro. Mas o problema mesmo é, além de não deixar herança ou legado, ainda gerar dívidas que permanecem muitos anos depois de sua saída.
Em uma companhia que atendo todo mundo conhece a história do diretor que, apesar de ter permanecido por lá meros seis meses, tomou decisões de negócios tão desastrosas que continuam custando dinheiro à companhia… mesmo cinco anos depois.
Porém, lembre-se que o custo nem sempre é financeiro. Você também se torna gerador de dívidas quando é tóxico a ponto de afetar a saúde emocional das pessoas que trabalham ao seu lado ou cria intrigas bobas com outros departamentos internos.
Herança é o que deixamos para as pessoas e a organização, legado é o que deixamos nas pessoas e na organização e dívidas têm a ver com o que tiramos delas.
Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial