Estudantes de pós-graduação da UEL (Universidade Estadual de Londrina) realizaram um protesto contra o corte de bolsas de estudo pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), anunciado na terça-feira (6) e que atingiu 772 pessoas somente na UEL e mais de 200 mil pessoas em todo o Brasil.
O ato foi organizado pelo DCE (Diretório Central de Estudantes) e teve início às 10h30 da manhã no Ceca (Centro de Educação Comunicação e Artes). Com faixas pedindo pelo pagamento das bolsas e também reivindicando o reajuste do valor pago a eles, o grupo se mostrou indignado com o que considera descaso com que o Governo Federal tem tratado quem é responsável por boa parte da pesquisa científica realizada no País.
Estudantes realizaram manifestação no Ceca (Centro de Educação Comunicação e Artes) pedindo pelo pagamento das bolsas e também reivindicando o reajuste do valor delas. | Foto: Vítor Ogawa – Grupo Folha
A estudante do mestrado Jennifer Cardoso é uma das que fazem parte do programa de pós-graduação em microbiologia da Universidade Estadual de Londrina e relatou que está vivendo um momento bem complicado. “A gente tem que concluir a pesquisa e precisa escrever artigos e a dissertação. Ao mesmo tempo, temos de participar de eventos para estar divulgando o nosso trabalho e conseguir fazer com que essa pesquisa seja implantada de alguma forma na comunidade. Estou passando por um processo seletivo para entrar no doutorado, mas a gente fica de mãos atadas. Apesar da correria do fim do semestre, nós estamos dando uma pequena pausa para vir aqui e mostrar que precisamos mudar esse corte de verbas”, destacou.
O diretor do Ceca, Edmilson Lenardão, tem participado de reuniões para analisar como aliviar a pressão sobre os estudantes. | Foto: Vítor Ogawa – Grupo Folha
O aluno de doutorado de Patologia Experimental da UEL, Luca Suzuki Trancolin, deveria receber R$2,2 mil. “Eu sou de Assis (SP) e me mantenho aqui em Londrina com a bolsa. Um mês sem bolsa e provavelmente janeiro também vai impactar muito na minha vida, e também na vida de muitos outros estudantes. Eu divido aluguel com uma pessoa e pago R$900, gasto R$600 por mês com alimentação e tenho um gasto de R$ 300 com combustível, porque tenho que vir diariamente para a UEL. É difícil a gente se manter aqui”, declarou.
A professora Eliacir Neves França, do departamento de políticas educacionais e sociedade da UEL, tem duas alunas que vivem na residência estudantil da UEL e deveriam receber R$ 400 de bolsa de estudo e não receberão esse valor. “Essas duas orientandas de iniciação científica vivem desse dinheiro e, ontem (quarta-feira, 7), uma delas veio assim desesperada dizer que não sabia o que iria fazer da sua vida.” Ela relatou que outros colegas de departamento relataram que outros alunos da pós-graduação que fazem mestrado e doutorado e têm esposa e crianças também tiveram seus recursos cortados e vivem disso, já que as bolsas exigem dedicação exclusiva”, apontou.
O diretor do Ceca, Edmilson Lenardão, ressalta que o contingenciamento imposto pelo Ministério da Economia atinge 200 mil estudantes de mestrado e doutorado em todo o País. Ele explicou que a situação é bastante preocupante e atinge vários estudantes da UEL. Ele relatou ter participado de uma reunião paralela à que ocorreu entre coordenadores com a pró-reitora de ProPPG (Pesquisa e Pós-Graduação) da UEL, Silvia Meletti, e também se mostrou bastante preocupado com a situação. Segundo ele, uma nova reunião seria realizada nesta quinta-feira (8) à tarde para discutir questões sobre como aliviar a pressão sobre os estudantes bolsistas neste momento, mas não quis adiantar o que pode ser feito por eles, já que ainda precisa ser discutido.
O protesto realizado nesta quinta-feira marca o dia nacional de paralisação pelo pagamento das bolsas Capes convocado pela ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), que articula atos e mobilizações nacionais em todo o Brasil, apoiado pela UNE (União Nacional dos Estudantes). Segundo a nota divulgada pelo DCE, a situação representa um “colapso da ciência brasileira, um apagão dos serviços públicos, e escancara a política de desmonte do governo federal e que enfrentaremos a nível estadual pelos próximos quatro anos com Ratinho Jr.”
Além da manifestação, o local recebeu a Feira Ceca/UEL e teve oficina e produção de faixas. Posteriormente houve caminhada até o RU (Restaurante Universitário) e também haverá um ato às 18h em frente ao Teatro Ouro Verde, no Calçadão.
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