Os bloqueios na BR-277, que dá acesso ao Porto de Paranaguá, e na BR-376, que é a principal ligação entre Curitiba e o litoral de Santa Catarina, têm preocupado o setor produtivo. De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), os prejuízos somam R$ 60 milhões por dia.
As rodovias estão com problemas desde o último dia 28 de novembro, quando deslizamentos de terra foram registrados. Na BR-277 foram dois dias de bloqueio. No momento, o trânsito está liberado em pista simples em um trecho da Serra do Mar, o que causa demora no trajeto. Na BR-376, a lama arrastou nove veículos (seis caminhões e três carros), deixando duas pessoas mortas e 12 sobreviventes. Por lá, o tráfego segue bloqueado.
“A via alternativa para chegar a Santa Catarina, em especial a Florianópolis, teve o tempo de viagem aumentado para 18 horas. Hoje, o custo operacional para fazer essa viagem, com o tráfego médio de caminhões que faziam esse trajeto, está em R$ 60 milhões. A velocidade média dos caminhões, que era de 65 km/h, baixou para 20 km/h, 18 km/h. O atraso, o desgaste do caminhão, aumentam as diárias dos motoristas e dos transportadores agregados”, explicou o Sergio Malucelli, presidente da Fetranspar para a FOLHA.
O aumento do custo operacional também faz com que a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) monitore a situação. Para o consultor em logística do Sistema FAEP/SENAR-PR, Nilson Hanke Camargo, as interdições impactam muito além de caminhoneiros e transportadoras, o que pode onerar os valores no campo, especialmente para o pequeno produtor.
“Quem vai pagar isso aí? É o transportador. E o transportador vai transferir essa despesa para o produtor. Já tem cooperativa falando sobre esses custos diretos e indiretos. Para nós, em termos de custo é um absurdo”, disse à FOLHA.
E os prejuízos se espalham como um efeito dominó, do campo para a indústria. João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), destacou o receio do setor com a demora para solucionar o problema.
“A logística na indústria é prejudicada, porque uma viagem entre Curitiba e Joinville, de 120 quilômetros, se transformou em uma viagem de 500 quilômetros de distância, porque todas as serras de acesso de Curitiba até Santa Catarina mais próximas foram afetadas: a BR-376, a Dona Francisca, a Serra de Corupá e de São Bento do Sul”, pontuou.
Para as três entidades as rodovias que cortam o Paraná estão saturadas. Por isso, é necessário buscar alternativas para resolver a questão o mais depressa possível e criar planos para que desastres não se repitam.
“Qual é a lição que a gente aprende com isso? É a questão do monitoramento das encostas. Por que o setor aeroportuário é o mais seguro? Porque todos os acidentes e incidentes são investigados e medidas corretivas são feitas para que não haja mais acidentes daquela mesma natureza”, considerou o gerente da FIEP.
João Arthur Mohr, inclusive, tem uma opção que, conforme ele, não é difícil de ser viabilizada. “Outra medida importante, que é um projeto que já foi apresentado ao Governo do Estado e faz parte do Plano Estadual de Logística em Transportes, é uma rodovia de contorno da Baía de Guaratuba. Já existe uma rodovia que liga Garuva até Cubatão, no fundo da Baía de Guaratuba. Ela não é pavimentada, mas é uma rodovia larga com uma trafegabilidade boa. Falta fazer 10 quilômetros desse fundo da Baía de Guaratuba até ligação na Colônia Pereira, na Alexandra Matinhos”, concluiu.
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