Zelenski é escolhido como personalidade do ano da ‘Financial Times’

São Paulo – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, foi eleito pela revista britânica “Financial Times” como personalidade do ano. O texto, publicado nesta segunda-feira (5), define o ucraniano como um “porta-estandarte da democracia liberal na disputa global mais ampla contra o autoritarismo, que pode definir o curso do século XXI”.

Zelenski diz que a liderança à frente do país do Leste Europeu não se trata de coragem. “Sou mais responsável do que corajoso. Eu simplesmente odeio decepcionar as pessoas” |  Foto: Presidência da Ucrânia/AFP 

A revista compara o presidente da Ucrânia, que protagoniza uma guerra contra a Rússia, com o ex-primeiro ministro britânico e escritor Winston Churchill. 

“Zelenski também personificou a coragem e resiliência do povo ucraniano em sua luta contra a agressão russa. É por essas razões que o ‘Financial Times’ escolheu Zelenski como a pessoa do ano”, justifica a publicação. 

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Durante a entrevista, Zelenski diz que a liderança à frente do país do Leste Europeu não se trata de coragem. “Sou mais responsável do que corajoso. Eu simplesmente odeio decepcionar as pessoas.”

No mês passado, a Ucrânia anunciou uma importante conquista: a recuperação de mais de 40 localidades no sul do país, onde as tropas russas iniciaram uma retirada da província de Kherson, considerada um novo revés para o presidente Vladimir Putin.

O próprio exército russo confirmou que começava a se retirar da província de Kherson, única capital regional tomada pela Rússia desde o início de sua ofensiva na Ucrânia no final de fevereiro.

O presidente ucraniano disse à revista “Financial Times” que, antes da invasão, tentou ligar para Vladimir Putin, sem sucesso. “Estamos lutando contra pessoas insanas”, disse Zelenski.

COMEDIANTE

Um comediante de TV que se tornou presidente da Ucrânia quase por acaso. Esta é a definição mais resumida do ucraniano Volodimir Zelenski, que se transformou em protagonista do noticiário internacional por causa da guerra contra a Rússia.

Apesar da veia cômica, Zelenski é formado em Direito e se destacou ao longo do conflito com discursos fortes como chefe de Estado. “Não precisamos de outra Guerra Fria, ou uma guerra sangrenta, ou uma guerra híbrida. (…) Mas agora, o que está sendo decidido não é somente o futuro do nosso país, mas o futuro de como a Europa quer viver”, disse, em uma ocasião.

Até o início de 2019, Zelenski vivia como um humorista de sucesso no país, com um patrimônio avaliado em US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8 milhões).

Representava justamente um presidente em “Servo do Povo”, programa de sátira política criado e produzido por ele. O enredo era bem atual: um professor de história do ensino médio, com 30 e poucos anos, grosseiro e revoltado, que é inesperadamente eleito presidente da Ucrânia, após viralizar em um vídeo contra a corrupção.

A vida realmente imitou a arte: sem qualquer experiência em cargos políticos, Zelenski foi eleito para o maior posto eleitoral em 2019. Teve 73% dos votos no segundo turno, derrotando o então presidente e bilionário Petro Poroshenko (25%). Seu estilo irreverente, com fortes críticas à velha política, foi o principal fator que o conduziu à vitória.

Com propostas extremamente vagas e discurso anticorrupção, a campanha foi realizada quase como uma grande piada e humilhação aos candidatos tradicionais, principalmente nas redes sociais. O slogan assumia a tática: “Se não tem promessa, não tem decepção”.

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