Um estudo produzido por pesquisadores do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) sobre rotação de culturas acaba de ser publicado em uma das revistas científicas de maior renome mundial, a britânica Scientific Reports, do grupo Nature.
O título do artigo é “The diversification of species in crop rotation increases the profitability of grain production systems” – “A diversificação de espécies na rotação de culturas aumenta a rentabilidade dos sistemas de produção de grãos”.
A principal conclusão do estudo foi que a rotação de culturas em sistema de plantio direto apresentou melhor produtividade e rentabilidade | Foto: Divulgação/IDR Paraná
Os autores do estudo são Bruno Volsi, Gabriel Eiji Higashi, Ivan Bordin e Tiago Santos Telles. Bruno e Gabriel são alunos do programa de pós-graduação em agronomia em rede do IDR-PR e UEL (Universidade Estadual de Londrina). Ivan e Tiago são pesquisadores do IDR.
Telles considera que a divulgação do estudo em periódico de relevância internacional é de grande importância, pois demonstra a credibilidade e a aceitação pelos pares dos resultados da pesquisa. “Este é o primeiro passo antes da transferência de tecnologia aos produtores rurais”, explica.
Tiago Santos Telles | Foto: Arquivo pessoal
CONCLUSÃO
A principal conclusão do estudo foi que a rotação de culturas em sistema de plantio direto apresentou melhor produtividade e rentabilidade que o sistema de sucessão de culturas da soja e do milho safrinha. Foram realizadas análises estatísticas para verificar o efeito desses dois sistemas de produção agrícola.
O estudo consistiu em um sistema de sucessão de culturas soja/milho safrinha e em cinco sistemas de rotação de culturas, com diferentes níveis de diversificação de espécies.
Ivan Bordin | Foto: Arquivo pessoal
“Nas safras de verão de cada ano agrícola foram rotacionadas culturas comerciais, como a soja e o milho. No inverno eram cultivadas diferentes espécies com finalidades também distintas – podemos citar trigo, triticale, feijão, canola, cártamo, crambe e aveia branca, e culturas destinadas à cobertura de solo, como os consórcios de aveia preta com centeio e nabo forrageiro, e também o uso de brachiaria”, detalha Ivan Bordin, um dos pesquisadores.
Após a realização dos estudos, a recomendação para aumentar a produtividade e a rentabilidade é utilizar a soja rotacionada com milho no verão e, no inverno, também rotacionar o milho safrinha com plantas de cobertura do solo ou culturas que possam ter retorno econômico, como trigo ou feijão.
BENEFÍCIOS
Sobre os benefícios da rotação de culturas, Ivan explica que são diversos, abrangendo a cobertura do solo e o controle de pragas e doenças.
Gabriel Eiji Higashi | Foto: Arquivo pessoal
No quesito solo, o rodízio proporciona a maior produção de palhada e melhor cobertura do terreno, o que resulta em maior controle de plantas daninhas e menor suscetibilidade à erosão. Além disso, a rotação contribui com um ambiente menos propício para o surgimento de pragas e doenças.
“Com o ambiente de cultivo mais favorável para o desenvolvimento das plantas, a produtividade de grãos aumenta e os custos com insumos externos diminuem, resultando em maior ganho econômico”, resume.
Bruno Volsi | Foto: Arquivo pessoal
O pesquisador acrescenta que a rotação de culturas ainda não é praxe nas lavouras de grãos, sobretudo no norte do Estado do Paraná, onde predomina a sucessão de culturas soja/milho safrinha. “De modo geral há muito a evoluir em relação à rotação de culturas para a intensificação sustentável da produção de grãos no Estado”, destaca.
O experimento foi conduzido no IDR em Londrina compreendendo seis anos agrícolas, de 2014-2015 a 2019-2020, com duas safras realizadas anualmente – inverno e verão.