Enquanto avança com a licitação para construir a Delegacia Cidadã em Londrina, o Governo do Estado terá que resolver outro problema. O terreno escolhido para receber a estrutura – na esquina da avenida Luigi Amorese com a avenida Universo, na zona oeste – tem uma ocupação irregular. Barracos foram montados no espaço com pedaços de madeiras e lonas. Além disso, a área acumula muito lixo, principalmente restos de materiais de construção.
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Quatro famílias vivem no lugar há cerca de dez meses, no entanto, algumas pessoas vão apenas para passar a noite. Ao todo, aproximadamente dez pessoas em situação de rua ou que não têm um teto ficam no terreno, localizado próximo à BR-369 e ao Terminal da Zona Oeste. “A polícia veio aqui nesta quarta-feira (30) e avisou que teríamos que sair em duas semanas. Aceitamos, porque não dá para bater de frente com a polícia”, afirmou um morador, que preferiu não ser identificado.
De acordo os acampados no local, servidores da secretaria municipal de Assistência Social costumam acompanhá-los as quintas-feiras. A intenção é relatar a situação na próxima visita. “Já esperava que um dia isso (ter que sair) iria acontecer”, comentou outro morador. “Vivemos de doações e teremos que voltar para a rua.”
A reportagem procurou a assessoria da Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública) por duas vezes, entretanto, não obteve resposta até a finalização da matéria.
LICITAÇÃO
O governo abriu na semana passada os envelopes das empresas interessadas em edificar o prédio, que terá mais de 1,7 mil metros quadrados. O edital tem valor máximo de R$ 10,8 milhões, dinheiro proveniente de empréstimo junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Apenas uma empreiteira apresentou proposta, de R$ 10,4 milhões. A construtora tem sede em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
Prédio terá mais de 1,7 mil metros quadrados e irá abrigar a 10ª SDP e outros serviços da Polícia Civil | Foto: Pedro Marconi – Grupo Folha
O imóvel vai contar com térreo e mais dois andares e vai abrigar a 10ª Subdivisão Policial – hoje na rua São Pedro, zona leste – e outros serviços da Polícia Civil que hoje estão em prédios alugados. A construção terá prazo de 300 dias para término a partir da data de assinatura da ordem de serviço.
ATENDIMENTO HUMANIZADO
Coordenadora do Núcleo Regional da Casa Civil da Região Metropolitana de Londrina, Sandra Moya destacou que a proposta da delegacia é promover uma relação humanizada entre a população e a polícia. “Entre as diferenças para as estruturas existentes estão acessibilidade e banheiros adaptados, além de salas para atendimentos seletivos, com espaços separados para o recebimento de vítimas e de agressores ou suspeitos e ambientes isolados para crianças, adolescentes, mulheres e idosos”, explicou. A entrevista foi concedida antes de a FOLHA constatar a ocupação do terreno.
Atualmente, existem quatro experiências deste tipo de delegacia no Paraná: Matinhos, Pinhais, Fazenda Rio Grande e Paranaguá. “Desta forma (com estrutura diferenciada) o serviço, com certeza, será de melhor qualidade”, garantiu.
SEGURANÇA
Quem vive na região onde será edificada a Delegacia Cidadã pede celeridade com os serviços. “O que preocupa é a sujeira, já que pode acumular dengue e animais peçonhentos. Se não fizerem nada logo, mais pessoas vão morar aí. Acredito que essa delegacia deva trazer mais segurança para a região”, avaliou um morador, que pediu para não ter o nome divulgado.
TENTATIVA FRUSTRADA
A primeira tentativa de construir a estrutura foi no ano passado. Uma empesa de Curitiba – que foi a única interessada – chegou a ser declarada vencedora do edital, no entanto, foi impedida de assinar o contrato, já que a empreiteira tinha uma pendência jurídica com a Paraná Edificações, instituição licitante.
O segundo certame, deste ano, aumentou o preço da obra em cerca de R$ 3 milhões. O governo estadual justificou a diferença pela revisão dos valores. O projeto da Delegacia Cidadã foi lançado pelo Governo do Estado, inicialmente, em 2010, porém, as primeiras só viraram realidade a partir de 2017.
CENTRAL DE FLAGRANTES
A Central de Flagrantes irá mudar de endereço na próxima terça-feira (6). A delegacia hoje fica na avenida Santos Dumont e será realocada num imóvel na marginal da BR-369, perto da alça de acesso da avenida Rio Branco no sentido Ibiporã. O aluguel será de R$ 14 mil.
Estado vai pagar R$ 14 mil de aluguel para alocar Central de Flagrantes em novo espaço | Foto: Pedro Marconi – Grupo Folha
Vão para este novo espaço o 2º Distrito Policial (Central de Flagrantes), o 4º Distrito (responsável por concluir os flagrantes do 2º), o 3º Distrito (que resolve os crimes de menor potencial) – e que está na sede da 10ª Subdivisão Policial -, a Delegacia do Adolescente – que tem dividido espaço com o Nucria – e o Instituto de Identificação.
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