Alunos e professores do colégio estadual Professora Olympia Morais Tormenta, no conjunto João Paz, na zona norte de Londrina, fizeram uma manifestação na quadra da unidade nesta sexta-feira (2). A ideia inicial era de que fosse um abraço simbólico no colégio, mas a atividade foi adaptada em razão das chuvas. O ato foi contra o projeto do Governo do Estado, que vai contratar empresas para assumir a gestão de 27 escolas do Paraná, incluindo a do bairro.
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Em Londrina serão quatro instituições: Olympia Morais Tormenta, Rina Maria de Jesus Francovig (Campo Elíseos), Roseli Piotto Roehrig (José Giordano) e Professora Lúcia Barros Lisboa (Vivi Xavier). “Esse ato é para mostrar que a escola é nossa e não de uma empresa privada, que visa o lucro. Professores que dão aula aqui já avisaram que se privatizar vão embora”, criticou o estudante João Pedro Ferreira de Castro, presidente do Grêmio Estudantil do Olympia Tormenta.
Trabalhando no colégio – que tem 1.200 alunos – há 30 anos, a pedagoga Neide Alves Silva afirmou que o projeto foi informado pelo governo sem tempo para discussão. “Isso deveria ter sido colocado bem antes para nós, explicado para a comunidade o que seria. De uma hora para outra recebemos a notícia do que eles chamam de parceiro da escola, mas na verdade é uma terceirização. Isso nos deixa preocupados, porque os alunos não terão o atendimento adequado. A escola pública abraça a todos, com a terceirizada não sabemos se isso irá acontecer”, opinou.
VOTAÇÃO
A Seed (Secretaria de Estado da Educação) não quis comentar a manifestação, mas disse, em nota, que “as comunidades escolares dos colégios contemplados pelo projeto participarão de consulta pública entre os dias cinco e sete de dezembro”. A votação ocorrerá nas próprias escolas, durante o horário de funcionamento das instituições de ensino. Para que tenha uma decisão será necessária a participação de metade da comunidade escolar mais um.
Poderão depositar o voto os alunos maiores de 18 anos e as famílias dos menores desta idade, além de professores e funcionários. A APP-Sindicato é contra a medida do Governo do Estado. “Na nossa avaliação isso é uma privatização da escola. Entendemos não ser legítimo, porque isso é mau uso do dinheiro público. São os nossos impostos pagos sendo repassados para a iniciativa privada fazer o que fazemos há 75 anos, com a Secretaria de Educação”, elencou Márcio Ribeiro, presidente da entidade em Londrina.
EDITAL
O governo estadual publicou em outubro a licitação para contratar empresas que irão assumir a gestão educacional de 27 colégios estaduais do Paraná a partir de 2023. A Seed afirmou que as unidades foram escolhidas levando em conta o aproveitamento no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As empresas escolhidas também vão cuidar da área financeira, distribuição de merenda, manutenção do prédio e supervisão do ensino. As instituições que vencerem o edital vão receber R$ 800 por aluno matriculado pelo ano letivo.
Na avaliação da APP-Sindicato, o projeto desconfigura as unidades escolares. “A escola é formada pelas pessoas que trabalham nela. Hoje, as pessoas que trabalham no Olympia Tormenta, por exemplo, têm 20, 30 anos de casa, são professores com mestrado, doutorado, conhecem a fundo cada família, isso é um diferencial na qualidade da educação. Todo esse grupo não estará aqui dentro em breve, porque a empresa precisa ter lucro e o lucro dela estará em retirar essas pessoas e trazer contratados por ela a salários mais baixos”, pontuou Ribeiro.
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