O VBP (Valor Bruto da Produção) da agropecuária paranaense bateu seu recorde histórico e alcançou R$ 180,6 bilhões em 2021 – a maior marca havia sido alcançada no ano anterior, R$ 128,3 bilhões. O crescimento foi sustentado principalmente pela valorização generalizada dos preços dos produtos agrícolas.
O relatório elaborado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, mostra a soma de tudo o que foi produzido no segmento agropecuário, incluindo agricultura, pecuária e florestas.
Em termos de participação na composição do VBP, na safra 2020/21, base do levantamento atual, houve pouca variação em relação às médias: a agricultura foi o principal setor, com 49%, seguida da pecuária, com 48%, e dos produtos florestais, com 3%.
CARRO-CHEFE
A soja segue como o carro-chefe do agronegócio paranaense, representando mais de 28% do VBP total do Estado em 2021, uma riqueza dentro da porteira no valor de R$ 50,9 bilhões. Na sequência vêm o frango de corte e o leite, com participações de R$ 32,5 bilhões (18% de participação) e R$ 9 bilhões (5%), respectivamente (leia mais no quadro).
O relatório mostra que, dentre as culturas de maior peso, não houve mudança significativa, ao menos nas posições do ranking.
O aumento expressivo do VBP da soja fez com que a cultura passasse de 23% para 28% de participação. O milho, em contrapartida, teve uma quebra de safra e sua participação caiu de 9% para 7%. Outros destaques foram a erva-mate e a tilápia, que superaram R$ 1 bilhão pela primeira vez, e o café, que somou R$ 911 milhões.
REGIÕES
Entre as 23 regiões do Estado, a região de Toledo foi a que registrou o maior VBP – R$ 20,8 bilhões, montante que representa 11,6% do total das riquezas produzidas no campo em todo o Estado.
“Tanto a pecuária como a agricultura são muito fortes na região. A regional de Toledo é a principal produtora de frango (18% do total) e de suínos (47% do total). A região também é uma das principais na produção de grãos, de forma que movimentam valores bastante expressivos”, explica Larissa Nahirny, coordenadora da Divisão de Estatísticas Básicas do Deral e responsável técnica pelo VBP.
O município de Toledo puxou o destaque da região, com um VBP de R$ 4,3 bilhões alcançado principalmente pela criação de suínos e de frango para corte – ambos os setores registraram VBPs de R$ 1,3 bilhão e R$ 1 bilhão, respectivamente. A soja figura em terceiro lugar, com R$ 609,5 milhões.
Na sequência entre as regiões paranaenses com maior VBP, figura Cascavel, com R$ 19,3 bilhões de riquezas produzidas no campo, uma participação de 10,7% no Estado.
| Foto: Gustavo Padial/Folha Arte
NO TOPO
O Paraná ocupa somente 2,3% do território nacional, com 19,93 milhões de hectares, e possui uma população estimada em 11,6 milhões de habitantes. No meio rural, são 1,53 milhão de habitantes em aproximadamente 305 mil propriedades rurais, das quais 85% são terras de pequeno porte.
Em 2021, o Paraná foi o 2º Estado brasileiro em faturamento bruto agropecuário, ficando atrás somente de Mato Grosso, com VBP de R$ 205,1 bilhões.
VOCAÇÕES
O relatório do Deral aponta que são muitas as potencialidades do agronegócio paranaense que o alçam ao topo do ranking – produção altamente diversificada e especializada, a integração dos setores, a disponibilidade tecnológica promovida pela pesquisa, assistência técnica e extensão rural, o associativismo e o cooperativismo fortes, assim como a promoção de políticas públicas de estímulo à produção e ao uso adequado dos recursos naturais.
“Temos solos muito mais férteis que proporcionam uma produtividade maior. Hoje, praticamente toda a nossa área agricultável está ocupada com soja na primeira safra e milho na segunda safra”, analisa o especialista em agronegócio Amélio Dall’Agnol, pesquisador recém-aposentado da Embrapa Soja.
Em 2021, o Estado do Paraná foi o 3º maior produtor de grãos e o 4º maior exportador do agronegócio. Tais dados evidenciam a representatividade e a pujança do setor agropecuário na economia paranaense.
Na safra 20/21, o Mato Grosso foi o 1º produtor de grãos e o Rio Grande do Sul foi o 2º. Sobre as exportações, os três primeiros do ranking foram Mato Grosso (US$ 21,39 bilhões), São Paulo (US$ 18,99 bilhões) e Rio Grande do Sul (US$ 15,22 bilhões).
SOJA
O relatório do VBP 2021 aponta ainda que a produção de soja foi 5,1% menor na safra 2020/21 em comparação à safra anterior no Paraná, mesmo com um aumento discreto da área plantada, que ficou em 1,8% no mesmo período.
“A produção menor foi por conta da estiagem. E o aumento da área cultivada está sendo permanente, embora não tenhamos mais muitas áreas disponíveis para plantio de soja, milho e qualquer produto agrícola”, explica Dall’Agnol.
Apesar da menor produção, o VBP da cultura soja no Paraná registrou uma valorização de 75% na safra 2020/21 em comparação à safra anterior.
“A valorização excessiva da soja se deu em função do excesso de demanda mundial. E isso deve continuar acontecendo porque a China segue sendo um pequeno produtor de soja. Os chineses compram mais de 80% da soja produzida no mundo, sendo que o Brasil vende perto de 80 milhões de toneladas para a China ao ano. É a questão da oferta e procura”, conclui.
TENDÊNCIA
A responsável técnica pelo VBP considera que a tendência é de alguma redução no próximo VBP do Paraná. “Houve uma quebra significativa da safra de verão 21/22 (34% inferior à safra 20/21) e também o aumento generalizado de preços arrefeceu”, conclui.
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