EDITORIAL – Cenas de uma confusão anunciada

O desfecho da comemoração pela vitória do Brasil na Copa do Mundo, quinta-feira (24) à noite, já vinha se anunciando há alguns anos, desde que moradores, donos de bares e frequentadores da Rua Paranaguá e entornos entraram em “guerra” por conta do barulho que avança o horário das 22 horas, a bagunça e o lixo que fica nas calçadas. 

A Folha de Londrina já tratou deste problema, várias vezes, em reportagens, em editoriais e na seção de opinião dos leitores. Sempre houve uma grande cobrança dos moradores da região da Paranaguá por ações da prefeitura, no sentido de multar carros com som alto, estabelecimentos comerciais que extrapolam a lei do silêncio, e pessoas que consomem bebidas alcoólicas nas ruas entre 22 horas e 8 horas da manhã seguinte.

O descumprimento da lei custa ou deveria custar ao infrator ou infratora multa equivalente a R$ 500,00, duplicadas as sanções a cada reincidência. O dinheiro arrecadado com a aplicação das multas é revertido à Secretaria Municipal de Educação para realização de campanhas educativas e preventivas sobre o uso de bebidas alcoólicas e seus malefícios.

Como já era esperado pelas pessoas que acompanham a movimentação dos bares da Paranaguá, centenas de pessoas foram para estabelecimentos da localidade acompanhar a vitória do Brasil sobre a Sérvia, por 2 a 0, no Catar. Muitas permaneceram em via pública após a partida, tomando conta das calçadas e indo para o meio da rua, que foi fechada no trecho entre a Piauí e a Pará. 

O corre-corre foi por volta das 22h. Câmeras de segurança e imagens feitas com celulares mostram a PM (Polícia Militar) e a GM (Guarda Municipal) chegando e intervindo com tiros de bala de borracha, spray de pimenta, chutes e cassetetes. Alguns clientes se machucaram. Os registros também flagraram garrafas sendo arremessadas contra as equipes. Um guarda se feriu e viaturas foram atingidas.  

A FOLHA traz a versão da PM, dos donos de estabelecimentos e de frequentadores da rua Paranaguá. Investigações, agora, serão realizadas na tentativa de trazer a verdade à tona – daí a importância de a Segurança Pública regulamentar o uso de câmeras de vídeo nas viaturas e fardas dos policiais militares, como acontece em alguns estados brasileiros. 

As pessoas que estavam nas ruas disseram que foram surpreendidas com a ação policial, que algumas foram agredidas e que a polícia usou balas de borracha e spray de pimenta. Dizem que antes da ação repressora, não houve uma atitude de prevenção da PM ou da GM, como uma viatura para coordenar o trânsito e dispersar pacificamente a multidão a partir das 22 horas. 

Todos sabemos que a questão é complexa. O município já tem leis sobre perturbação de sossego e sobre uso de bebida alcoólica nas ruas a partir das 22 horas. Mas faltam ações coordenadas educativas e repressivas (sem violência) na cidade. Em épocas como esta, de Copa do Mundo, como já são esperadas aglomerações nessas vias, por que não agir preventivamente?

Em muitas cidades do mundo, o poder público se antecipa e instala telões para transmissão dos jogos, fator que leva os torcedores para locais pré-determinados pelas administrações municipais, como praças e parques. O que seria uma aglomeração poderia se transforma em uma festa e ajudaria até mesmo a aumentar o comércio ambulante e fomentar o turismo. 

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