Confusão na rua Paranaguá tem corre-corre, balas de borracha e prisão

O final da noite de quinta-feira (24) foi marcado por uma grande confusão na rua Paranaguá, no centro de Londrina. Centenas de pessoas foram para estabelecimentos que ficam na localidade acompanhar a vitória do Brasil sobre a Sérvia, por 2 a 0, na primeira rodada da Copa do Mundo do Catar. Muitas permaneceram em via pública após a partida, tomando conta das calçadas e indo para o meio da rua, que precisou ser fechada no trecho entre a Piauí e a Pará. 

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O corre-corre foi por volta das 22h. Câmeras de segurança e imagens feitas com celulares mostram a PM (Polícia Militar) e a GM (Guarda Municipal) chegando e intervindo com tiros de bala de borracha, spray de pimenta, chutes e cacetetes. Alguns clientes se machucaram. Os registros também flagraram garrafas sendo arremessadas contra as equipes. Um guarda se feriu e viaturas foram atingidas.  

 

Segundo a Polícia Militar, o tumulto começou quando os policias foram até um bar na rua Paranaguá e pediram para que o proprietário abaixasse ou desligasse o som. “O proprietário negou a atender a ordem legal, o que configura crime de desobediência. Além disso, estava em flagrante ocorrência de perturbação de sossego, uma contravenção penal. Ele foi convidado a ir na delegacia, resistiu à ação da PM e isso fomentou nas pessoas uma rebeldia e começaram a arremessar inúmeras garrafas contra as equipes”, destacou o tenente-coronel Nelson Villa, comandante do 5º Batalhão. 

O secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, afirmou que a corporação foi para o local após inúmeras ligações de moradores denunciando perturbação de sossego, uso indevido de alvará, falta de acesso às ruas e bebendo em via pública, o que é proibido na cidade entre 22h e 8h. “Encontramos pessoas exaltadas, com sinais de embriaguez na rua e isso fez com que na hora que começamos a fiscalizar gerasse o comportamento hostil. Depois de gerado o conflito tem que dar exaurimento. Não pode recuar e nem perder a força, sob pena do município e do Estado serem vencidos por arruaceiros”, classificou. 

AGRESSÃO 

Durante a confusão, o jornalista Guilherme Marconi foi empurrado de forma violenta por um guarda. Ele contou que mora na região e que foi para a rua Paranaguá encontrar com amigos após o expediente de trabalho. “Todos foram surpreendidos com a ação policial e virou correria. Em poucos minutos já não tinha ninguém e presenciei pessoas sendo agredidas numa conveniência, eles indo para cima com bala de borracha. Me apresentei como jornalista, perguntei quem estava no comando da ação, queria entender o motivo de usar a força para dispersar se tem lei municipal contra som alto e quem bebe na rua”, relatou. 

O repórter do Grupo Folha de Comunicação e da rádio CBN disse que foi neste momento que aconteceu a agressão. “Vi uma menina levando rasteira. Era um público jovem, foi desproporcional a ação. Poderiam ter agido de outra maneira. Me senti muito ofendido e na minha profissão indignado com o que houve”, lamentou. 

GM DIZ QUE VAI APURAR 

A secretaria de Defesa Social informou que vai apurar se houve excesso do agente com o jornalista. “Era uma situação tensa e a pessoa não pode ir de shorts e camiseta alegando que é repórter e exigir uma atitude, querer falar com o comandante. O mesmo respeito que o jornalista deveria receber em relação ao guarda é o mesmo direito que todo cidadão precisa receber. Mas se tem um órgão de segurança, agente atuando, as ordens que estão sendo dadas precisam ser acatadas”, elencou. 

OS DOIS LADOS 

Os comandos da GM e da PM defenderam a ação, enquanto que muitas pessoas que estavam no local afirmam que a operação foi desproporcional. “A quantidade de PMs era inferior à de pessoas. Numa ação dessa natureza existem técnicas que podem gerar lesão. O objetivo de usar munições não letais é justamente para, ainda que lesione, evitar que algo mais grave aconteça”, argumentou o tenente-coronel Nelson Villa. “Pago imposto igual qualquer pessoa e fui embora com o sentimento de não saber o motivo de ter sido agredido”, criticou um rapaz que foi atingido por balas de borracha e gás de pimenta. 

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