Brasil olha para derrota da Argentina em busca de lições

Doha, Catar – Basta uma breve caminhada pelos principais pontos turísticos de Doha, do tradicional mercado Souq Waqif ao anfiteatro Katara Cultural Village, ou mesmo andar pelas ruas residenciais da capital do Catar para encontrar com facilidade pessoas com camisas de Brasil e Argentina.

Duas das equipes favoritas à conquista da Copa do Mundo deste ano também são as preferidas do público local, sobretudo dos migrantes. Parte deles ficou especialmente frustrada nesta terça-feira (22), quando os argentinos estrearam com uma histórica derrota, de virada, para a Arábia Saudita, por 2 a 1.

A chamada zebra reforça as conexões entre brasileiros e argentinos no Catar, afinal serve como uma importante lição para o elenco comandado por Tite antes de sua estreia no Mundial, nesta quinta-feira (24), contra a Sérvia.

O equilíbrio emocional foi determinante para o vexame da seleção de Messi. Apesar de fazer um bom primeiro tempo e abrir o placar, a Argentina não conseguiu consolidar sua vantagem.

A Sérvia, evidentemente, tem mais recursos técnicos do que os sauditas. No ranking da Fifa, aparecem na 21ª posição, enquanto a nação árabe é a 51ª. Mas não só por isso.

Além de todo o elenco sérvio jogar no futebol europeu, a maioria atua nas principais ligas do continente, sobretudo na Itália e na Espanha.

Só isso já é motivo para Tite ter mais trabalho do que o argentino Lionel Scaloni, mesmo considerando o fato de que, em 2018, o duelo contra os sérvios foi o mais fácil para os brasileiros na primeira fase da Copa da Rússia, quando o time canarinho venceu por 2 a 0.

Acreditar em uma suposta fragilidade do adversário, contudo, é justamente o risco que o Brasil precisa aprender com a lição dos argentinos.

“Às vezes, o adversário é vencido pela nossa motivação. O Lionel Messi vai jogar com a Arábia Saudita e dirá a si mesmo que deve começar bem, claro, mas não é a mesma coisa do que jogar contra o Brasil”, disse o técnico da Arábia Saudita, Hervé Renard.

Motivação foi algo que não faltou para a nação do Oriente Médio. Principalmente pelo apoio que eles receberam das arquibancadas. Mesmo que a maioria dos presentes fossem torcedores da Argentina, quem mais apoiou e marcou sua presença na arena foi a torcida saudita, elemento-chave para o desfecho do jogo.

Pelo menos com isso o Brasil, provavelmente, não terá de se preocupar. Enquanto a Arábia Saudita foi a nação que mais comprou ingressos para a Copa do Mundo no Catar, segundo o Supremo Comitê para Entrega e Legado, os sérvios não deverão ter uma presença maciça no país.

Mesmo assim, a comissão técnica brasileira tentou criar um ambiente que pudesse reforçar a confiança dos jogadores, para não deixar que fatores externos abalem a equipe.

Nas paredes do estádio Grand Hamad, onde a seleção treina durante sua estadia em Doha, foi colocada a inscrição “mentalmente forte”, palavras que Tite costuma repetir com certa frequência para os jogadores antes de cada partida.

Para aumentar a concentração dos atletas, o comandante também tomou uma medida inédita durante a preparação do Brasil. O treino desta terça-feira (22) foi fechado para a imprensa. Nem convidados, como parentes e amigos dos atletas, puderam acompanhar a atividade.

Foi a primeira vez que ele optou por esconder seus trabalhos desde que a seleção se reuniu para a Copa, na semana passada, em Turim, na Itália.

Além de privacidade, a medida visa manter o sigilo que Tite pretende fazer de sua escalação para o duelo com os sérvios.

Na segunda-feira (21), ele tentou fazer isso, liberando a presença da imprensa somente durante o aquecimento dos atletas, mas uma foto postada por um amigo de um dos jogadores que estava no estádio revelou a escolha de Vinícius Júnior como titular.

O ataque, então, teria Vinícius Júnior, Neymar, Raphinha e Richarlison. Embora não confirme, esse deverá ser o time do treinador para a estreia no Mundial. A ver como vão reagir os jogadores brasileiros na estreia.

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