No último dia 15, o mundo celebrou nascimentos que elevam a população a 8 bilhões de pessoas. Convenhamos, é muita gente e todo planeta deve se voltar para este número como um alerta no presente para que tenhamos futuro.
Os chamados “bebês bilhões” nasceram nas Filipinas e República Dominicana. Na verdade, eles são simbolos do índice alcançado pela população mundial. Muito mais bebês nasceram no dia 15, mas estes dois ficam registrados como nascimentos que giraram o planeta para outro patamar de celebração e preocupação.
A garotinha Vinice Mabansag nasceu nas Filipinas à 1h29 e ocupou o lugar de “bebê bilhão” de seu país. Já na República Dominicana, Dámian nasceu exatamente a 0h do dia 15, nada mais simbólico. Mas, assim como eles, outros bebês aumentaram a fila desta “virada da humanidade”.
Mas o que aguarda esses bebês no futuro?
O território das Filipinas, com cerca de 300 km quadrados, tem aquilo que é considerado essencial para a regulação climática: florestas, mas também enfrenta “bichos” difíceis de serem enfrentados, tufões e chuvas excessivas. Com 111 milhões de habitantes, a maior parte de sua população vive na zona rural, embora sua economia seja baseada no turismo e na indústria. O pais é considerado um dos “novos tigres asiáticos”.
Nem por isso, a vida de Vinice será fácil. Num planeta que já padece por falta de água potável e terras agricultáveis, que tem regiões desérticas ou chuvas em demasia, a desigualdade econômica impulsiona a migração de povos nem sempre bem recebidos em outros países, para onde multidões fogem da pobreza em barcos super lotados que muitas vezes naufragam, matando milhares de desvalidos.
O retrato do planeta na atualidade também não é bonito para Damián. Nascido na República Dominicana, ele agora é cidadão de um país que sofreu intervenções militares – sobretudo dos EUA – e amargou governos ditatoriais. Hoje, a subnutrição atinge 21% da população, o índice de analfabetismo é de 11% e a mortalidade infantil é de 28 bebês para cada mil nascidos vivos.
No momento em que o mundo discute na COP27, no Egito, diretrizes para tirar o planeta do sufoco climático, não é hora de pensar só em resorts ou nas praias paradisíacas das Filipinas e do Caribe ocupadas por turistas, é preciso preservá-las. Os oceanos vêm sendo contaminados pelo plástico. Ou secamos essa indústria na “fonte” ou em breve as garrafas pet serão em maior quantidade que os peixes.
O que mais preocupa é a indústria de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) que ameaçam a estabilidade do clima. Continuem esbanjando gasolina, óleo diesel e aerossóis, mas não se enganem, numa escala científica, 2 graus de aquecimento na Terra, em curto prazo, significa muito. E está acontecendo muito mais rápido do que no prazo que separava a Era do Gelo, de forma inversa, de um mundo de clima regulado. Os limites são muito frágeis.
Se os governos não saírem da COP27 dispostos a fazer o que não fizeram desde o Acordo de Paris, em 2015, o futuro de Vinice, Damián e outros “bebês bilhões” estará ameaçado. No momento, o que se vislumbra é apenas um furo enorme na camada de ozônio, responsável pela regulação do clima na Terra. É preciso plantar mais que ganância, é preciso plantar a luz no fim do túnel, afinal, não se come dinheiro.
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