Feriado da República é marcado por manifestações

O descontentamento com o resultado das eleições presidenciais de 31 de outubro é o principal motivo que reúne pessoas nas proximidades do Tiro de Guerra de Londrina, localizado na zona leste do município. Desde o dia 2 de novembro, a concentração de cidadãos acampados e que se revezam mudou o cenário do local.

Nesta terça-feira (15), o ato incluiu uma carreata e um “tratoraço” |  Foto: Filipe Barbosa 

No dia 15 de novembro, data em que é celebrada a Proclamação da República, a reunião de manifestantes reforçou o coro da rejeição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito pelo voto popular, e a grande concentração de carros, caminhões, tratores e pessoas marcou o feriado.

Nesta terça-feira (15), o ato foi precedido de uma carreata e um “tratoraço”.  O engenheiro agrônomo, agricultor e presidente da Associação de Cerealistas do Norte do Paraná, Rodrigo Tramontina, 51, destacou que a manifestação é “pública e pacífica”. Ele argumenta que a reunião se justifica. “Pela lisura das urnas, contra a censura nas informações e contra a corrupção”, explicou. De uma família de colonos instalada no Norte Pioneiro em 1920, Tramontina observava admirado a concentração de pessoas e se admirava: “Nunca vi isso em toda a minha vida”.

“Aqui, um pedido é uma missão. A comida, o gelo e a bebida, por exemplo, são em um estalar de dedos e as frases mais ouvidas aqui são ‘muito obrigado’, ‘por favor’ e ‘vamos vencer. Vou poder falar para minha filha que fizemos parte.”

O auxiliar de serviços gerais Marcelo Borba, 47, mora no Jardim Interlagos (zona leste) e marca presença todos os dias na concentração. “Hoje eu só saí para casa almoçar com os meus pais e voltei porque é muito bonito o que está acontecendo aqui”, opinou.

Borba, que trabalha em uma fábrica de gaiolas, diz que deseja o melhor para o Brasil e para todos. “Na economia, principalmente. Eu estava confiante, feliz e apóio o movimento com minha presença porque tenho muito medo de um governo petista”, declarou.

Para o trabalhador, as reuniões se fortalecem a cada dia. “De manhã estava muito lotado, muito mais que agora que você está aqui e veja tem cachorro-quente, pipoca, água, refrigerante e tudo pacífico”, declarou. 

Mesmo com a temperatura acima dos 30 graus, os manifestantes se mantiveram no local. Os fardos de água não paravam de chegar. Guarda-sóis, tendas, barracas improvisadas e sombrinhas fortaleceram a vigília diante do forte sol.

Na sombra, auxiliar administrativa Vanessa, 43, admitiu que poderia estar em casa descansando no feriado. “Estou aqui por opção, a favor do Brasil, da liberdade de expressão e contra a censura e nossa união é por um Brasil melhor”, argumentou. 

A auxiliar de faturamento Denise, 34, contou que ficou impactada com o número de carros, pessoas e com a organização. “Oramos, cantamos o hino e estamos aqui pacificamente.”

OUTRAS LOCALIDADES

Manifestantes se reuniram em frente a comandos do Exército no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e outras cidades, pedindo uma intervenção contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 30 de outubro.

No dia da Proclamação da República, brasileiros vestidos de verde e amarelo se reuniram em frente ao Comando Militar Do Leste, principal quartel general do Exército nesta região, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

“Não queremos que Lula assuma o comando no dia 1° de janeiro, não queremos um país comunista, queremos um Brasil melhor”, declarou a bancária Lais Nunes, 30, durante a manifestação. Muitos carregavam a bandeira do Brasil e entoavam o hino nacional toda vez que era reproduzido em um caminhão com alto-falante.

“Há diversas informações de que houve fraude nas eleições (…), não podemos aceitar isso”, afirmou por sua vez o policial Leandro de Oliveira, 38, que atribui a fraude a uma suposta conspiração por parte do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para privilegiar Lula.

Em Brasília, o protesto reuniu grupos em frente ao Quartel General do Exército, carregando faixas com legendas como “S.O.S. Forças Armadas” ou “auditoria nas urnas”.(Com France Presse)

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