SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após duelarem em um dos jogos de destaque do último Australian Open, uma batalha com mais de quatro horas e cinco sets, o italiano Matteo Berrettini e o espanhol Carlos Alcaraz têm boas chances de repetir o confronto em solo brasileiro.
Os dois tenistas estão entre os principais favoritos na chave do Rio Open e podem ter seus caminhos cruzados já nas quartas de final.
Principal evento do circuito masculino na América do Sul, o torneio de nível ATP 500 começa nesta segunda-feira (14) nas quadras do Jockey Club, no Rio de Janeiro (o SporTV transmite a partir das 16h30).
Depois de a edição 2021 ter sido cancelada em razão da pandemia, a expectativa dos organizadores era voltar com a lista de jogadores mais atrativa dos oito anos de história da competição, mas nas últimas semanas houve duas baixas importantes. Primeiro, o austríaco Dominic Thiem, campeão em 2017, vencedor do US Open em 2020 e ex-número 3 do mundo, desistiu por lesão.
Na sexta-feira (11), o torneio informou que não poderia mais contar com o argentino Juan Martín Del Potro, outro ex-número 3 e vencedor do US Open, em 2009. A presença do veterano de 33 anos havia sido posta em dúvida na terça (8), quando ele disputou em Buenos Aires a sua primeira partida desde 2019.
A expectativa era que Delpo emendasse essa participação com a do Rio e depois avaliasse as chances de continuar em atividade. Mas no seu discurso emocionado após a derrota no país natal, ele indicou que aquela provavelmente havia sido sua última partida como tenista profissional.
Um dos atletas mais carismáticos do circuito, o argentino sofre há tempos com lesões no joelho. Mesmo com ele longe de suas condições físicas ideais, o Rio Open considerava que sua presença era a realização um sonho antigo e imaginava que o impacto seria enorme para o público, abaixo apenas do proporcionado por Rafael Nadal na primeira edição.
Sem Del Potro e Thiem, as principais apostas passaram a ser atletas que já atuaram –ou quase– no Rio e agora retornam em patamares elevados de suas carreiras. É o caso do norueguês Casper Ruud, 23, que é oitavo colocado do ranking e disputou o torneio carioca pela primeira vez em 2017. Ele entrou com um convite da organização e foi até as semifinais.
Em 2020, Alcaraz, então com 16 anos, também foi convidado e venceu no Rio o seu primeiro jogo no circuito adulto, uma batalha que acabou depois das 3h da manhã contra o espanhol Albert Ramos-Viñolas. Aos 18, ele já aparece na 29ª posição do ranking.
“O mais legal da lista de 2022 é que a maioria dos atletas são relacionamentos que a gente construiu ao longo dos anos. O Alcaraz tem uma ótima recordação do Rio Open. Até hoje, quando eu o encontro, ele fala sobre esse jogo, que foi especial”, diz à Folha o diretor do torneio, Lui Carvalho. “Os jogadores querem ser bem-tratados, e, se além disso ganham jogos, isso facilita bastante [que voltem].”
Berrettini, 25, que é neto de brasileira, disputa pela primeira vez um torneio profissional no país. Era para a sua estreia no Rio ter ocorrido em 2020, mas uma lesão de última hora o impediu. O italiano também elevou seu status nos últimos anos, com o vice-campeonato de Wimbledon em 2021, e ocupa a sexta posição no ranking.
Outros rostos conhecidos que retornam em 2022 são o argentino Diego Schwartzman, o chileno Cristian Garin e o espanhol Pablo Carreño Busta. Habilidoso e temperamental, o francês Benoit Paire jogará pela primeira vez no Rio.
Os únicos brasileiros garantidos em simples são Thiago Monteiro e Felipe Meligeni, ambos por meio de convite. Os melhores duplistas do país, Bruno Soares e Marcelo Melo, estão confirmados.
O convite que seria destinado a Del Potro passou para o chinês Juncheng Shang, 17. Candidato a repetir os passos de Alcaraz e Ruud, ele já foi líder do ranking juvenil e finalista do último US Open da categoria.
Antes mesmo do anúncio inicial de que o argentino jogaria, o torneio comemorava o número de ingressos vendidos neste ano –agora eles já estão esgotados. Para entrar no Jockey Club, será necessário comprovar o esquema vacinal completo contra a Covid-19 (o número de doses varia conforme as faixas etárias).
A regra é determinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro e vale também para os tenistas e seus acompanhantes. Segundo Lui, até o momento não foi preciso lidar com contestações nessa seara.
“Não tem nenhum tipo de facilidade ou isenção. Todos os jogadores têm que estar vacinados e apresentar o esquema vacinal conforme o protocolo da cidade. Só assim a gente vai ter um evento que as pessoas possam curtir, passando a mensagem correta”, afirma.
Além do Rio Open, Lui é diretor dos torneios masculinos de Queens (em Londres) e Chengdu (na China) e do evento feminino de Shenzhen (também na China). Ele comemorou a notícia de que os circuitos serão seguidos por equipes da Netflix nesta temporada.
O objetivo das entidades do tênis é produzir uma série de bastidores na mesma linha de “Drive to Survive”, que acompanha o circo da F1 e ajudou a popularizar a categoria entre fãs mais jovens.
“Achei espetacular. Os torneios sempre puxaram isso, mas obviamente é mais sensível para os jogadores, porque impacta o dia a dia deles. Tenista é um ser de hábitos, superstições, e você entrar com uma câmera na casa dele não é tão fácil. Que bom que a gente conseguiu chegar a essa conclusão de que é bom para o esporte”, diz.
Apesar da vontade do diretor de receber as equipes da plataforma de streaming, elas não vão estar em ação nos bastidores do Rio Open. A princípio atuarão apenas nos torneios Masters 1.000 e nos Grand Slams.