SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado de ações brasileiro tomava um rumo positivo nesta manhã desta quinta-feira (10), após a divulgação de dados que reforçaram a aceleração da inflação nos Estados Unidos. Em tese, a alta nos preços por lá poderia resultar em aumento dos juros e na rentabilidade dos títulos do Tesouro americano, diminuindo o interesse de investidores por aplicações em países emergentes, como o Brasil. Mas não é isso o que está acontecendo.
Às 11h40, o Ibovespa, referência do mercado brasileiro, subia 0,59%, a 113.122 pontos. A moeda americana recuava 0,55%, a R$ 5,1970.
Diferente do que era esperado por analistas para este ano, investidores estrangeiros estão se arriscando no mercado brasileiro, mesmo diante da expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) tire a sua taxa de juros do zero a partir de março.
Esses investidores perceberam que, com o real e as ações de empresas brasileiras excessivamente descontados, o Brasil traz oportunidades de lucros enquanto o mercado acionário dos EUA passa por uma correção.
Nesta manhã, o Ibovespa também era favorecido por mais um dia de alta das principais commodities produzidas no Brasil.
O minério de ferro subia devido à expectativa de crescimento da construção civil na China, levando as ações da Vale a uma alta de 1,63%.
O petróleo subia 1,06%, a US$ 92,52 (R$ 487,84). Com isso, as ações da Petrobras ganhavam 1,60%.
Também há no Brasil uma vantagem para as aplicações em renda fixa. Com uma taxa básica de juros a 10,75% ao ano e uma inflação anual prevista para 5,4%, o país está entre aqueles que oferecem os juros reais mais vantajosos do planeta.
Nas bolsas americanas, no entanto, os negócios abriram em baixa. O índice Dow Jones cedia 0,51%. A Nasdaq caía 1,22%. Isso levava ao fundo o S&P 500, referência para as ações negociadas em Nova York. O índice recuava 1,19%.
Andrey Nousi, fundador da Nousi Finance, afirmou que a inflação nos Estados Unidos ainda cresce acima das expectativas e isso elevava a taxa de juros para títulos americanos de dez anos, que passava de 1,93% para 1,98% no momento da divulgação da taxa de inflação. “Isso coloca mais pressão no Fed para manter o pé no acelerador do aumento de juros”, disse.
Os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram de forma sólida em janeiro, com o maior aumento anual da inflação em 40 anos, o que pode reforçar a especulação dos mercados financeiros de um aumento de 50 pontos-base nos juros no próximo mês pelo Fed (Federal Reserve).
O índice de preços ao consumidor subiu 0,6% no mês passado, após alta de 0,6% em dezembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta. Nos 12 meses até janeiro, o índice saltou 7,5%, maior avanço anual desde fevereiro de 1982, e após avanço de 7% em dezembro.
O salto marca o quarto mês seguido de altas superiores a 6% na base anual. Economistas consultados pela agência Reuters previam alta de 0,5% para o índice no mês e avanço de 7,3% na base anual.