ESPAÇO ABERTO – Combata o ageísmo ou espere a sua vez

|  Foto: istock 

Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha contra o preconceito de idade. O etarismo é uma discriminação que pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas impacta principalmente os idosos, com destaque para a vida profissional desse grupo. O fenômeno tem até nomenclatura própria: ageísmo, que se refere ao preconceito contra os mais velhos. É certo que a convivência entre diferentes gerações faz parte da cultura da diversidade nas empresas, mas aplicá-la nas relações interpessoais do ambiente de trabalho ainda é um processo desafiador. 

Os profissionais entre 50 e 60 anos já percebem certa distinção no mercado de trabalho. O impacto é direto e, dependendo da carreira, gera dificuldade de recolocação e até desemprego. Ressalte-se que a aceitação vai além do treinamento, pois depende dos valores e da cultura de cada um, do desejo de estabelecer vínculos e compartilhar com outras gerações. Os jovens, do mesmo modo que os profissionais seniores, sentem (ou impõem) restrições que podem dificultar a construir uma relação mais harmoniosa.

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As soluções buscadas pelas empresas envolvem programas de incentivo às equipes multi geracionais e de promoção do engajamento das pessoas como um time, sobretudo aquelas cujos valores mais são humanizados. As mudanças no mercado de trabalho e a imposição de habilidades tecnológicas ajudam a construir uma realidade desafiadora, mas o profissional sênior está pronto para “brigar” pelas oportunidades. A experiência se alinha a qualidades como força e persistência, que fazem parte do rol das habilidades comportamentais (soft skills).

E se no cenário atual se manter no mercado de trabalho já é uma batalha para todos os profissionais, o ageísmo é outra barreira a ser vencida. Para quem tem mais experiência, currículo e realizações, as conquistas do profissional falam por si só. É o chamado “legado”, que mostra que, venha a mudança que vier, o profissional sênior está preparado. O destaque fica por conta da flexibilidade: aquele que sabe adequar a comunicação com os colegas, que se mostra interessado em aprender e se atualiza, torna-se uma referência. Esse é um ponto super importante.

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No caso dos jovens, a formação certa e a vontade de aprender manifesta em ações concretas como participação em projetos, voluntariado e até mesmo outras atividades profissionais (programas de aprendizagem, estágios, etc) são consideradas diferenciais na contratação. Especialmente na urgência de se combater o ageísmo, o caminho é um só: mudança! Caso contrário, a hora em que o jovem de hoje irá sofrer discriminação também vai chegar.

A integração geracional deve estar no radar das empresas porque agrega mais qualidade ao produto ou serviço que é ofertado. A direção é a atualização dos valores empresariais e o engajamento social, mas também um posicionamento de marca mais favorável em uma sociedade mais justa.

Adriana Martello Valero é administradora, mestre em economia e especialista em Gestão de Pessoas. Atualmente, é coordenadora e professora dos cursos de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) em Londrina

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