Quantos e quais são os tipos de programas de compliance?

Os programas de compliance já são uma realidade nas empresas brasileiras, de modo especial aquelas que, de fato, querem estar de acordo com a legislação e a ética no ambiente de trabalho. Desde 2013, quando foi criada a Lei 12.864, conhecida como Lei da Empresa Limpa, as corporações têm a possibilidade de aprofundar e desenvolver programas de compliance a fim de prevenir situações em desacordo com a lei, detectar casos em que isso estiver acontecendo e, por fim, corrigir os problemas que, porventura, forem detectados.

Isso mostra aos empresários a importância de ter, dentro da empresa, grupos e programas que se preocupem, cada vez mais, em garantir um ambiente de trabalho saudável e de acordo com normas, regras e leis. Seja por uma postura ética do empregador, seja por uma decisão lógico-racional quanto aos riscos e custos à empresa, seja pela natural busca por redução de passivo. Os programas de Compliance oferecem maior segurança jurídica e credibilidade aos processos laborais internos, tornando tudo mais claro e transparente a todos os colaboradores, mas, especialmente, ajudam a reduzir a vulnerabilidade e os riscos dos empregadores.

Inicialmente, com o objetivo de criar uma gestão de riscos para o sistema financeiro, o compliance surgiu inspirado em programas internacionais e se expandiu para as diversas e diferentes áreas do direito. Seguem algumas:

Compliance Trabalhista: do processo seletivo às rotinas diárias com os colaboradores em geral, da contratação às práticas demissionais, passando pelos deveres pós-contrato (ou seja, obrigações dos empregados após a rescisão). O objetivo é implementar as regras de conduta de uma empresa e a vontade do empregador, com atenção especial às normas internas, aos acordos com sindicatos e às formalidades exigidas pela legislação. Situações que são implementadas por meio de ferramentas, práticas, treinamentos e documentos, tudo para que sejam cumpridas a legislação vigente e as regras estabelecidas.

Compliance Empresarial: a interação que uma empresa tem com o mercado necessita ser observada por um programa desse tipo, desde as operações de expansão comercial, lançamento de novos produtos, relação com franquias e franqueados, com fornecedores, operações de fusões e aquisições. Tudo deve estar em conformidade com leis e regulamentações comerciais.

Compliance Fiscal e Tributário: Ambos atuam no sentido de fazer cumprir adequadamente todas as obrigações fiscais e tributárias, seja no pagamento de impostos seja na contabilidade. Afinal, devem ser monitorados os balanços, folhas de pagamento, obrigações tributárias, etc.

Compliance na Saúde: mais voltado a empresas do setor e da área de saúde, desde clínicas, hospitais e outras empresas, o programa objetiva garantir que todos, principalmente os pacientes, sejam atendidos conforme os padrões legais e regulamentos estabelecidos a fim de garantir segurança, suporte e conforto em momentos e situações de dor e dificuldades, como é o caso de um problema de saúde.

Compliance Ambiental: um programa desse tipo tem como função adequar e implantar ações que favoreçam a preservação do meio ambiente, entre elas práticas de reciclagem, descarte correto de lixo, economia de água e energia, além de estar por dentro da legislação ambiental e de programas e certificações da área.

Compliance de Tecnologia da Informação (TI): como hoje em dia grande parte das empresas tem presença digital, é preciso garantir a ética e a proteção no que diz respeito à privacidade e à proteção de dados, inclusive acerca da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esse tipo de programa orientará as ações e estratégias que podem ser colocadas em prática a fim de cumprir a legislação nacional e até internacional, em muitos casos, na coleta e no tratamento de dados pessoais.

Jossan Batistute, sócio-fundador do escritório Batistute Advogados, formado em direito pela Universidade Estadual de Londrina, é mestre em Direito Negocial pela UEL e professor em programas de graduação e pós-graduação

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