“A decisão da Copa do Mundo é física”, diz novo coordenador da CBF

Em uma competição de tiro curto como a Copa do Mundo, o lado físico tem extrema importância para uma campanha vitoriosa. Para chegar ao título são sete jogos em menos de 30 dias. No caso do Mundial do Catar, a competição começou em 20 de novembro e a final está agendada para o dia 18 de dezembro – exatos 29 dias de torneio. 

|  Foto: Ricardo Chicarelli/LEC  

A Copa do Mundo em Doha, diferente das anteriores, que aconteceram no meio do ano e no fim da temporada do futebol europeu, acontece no meio do calendário da Europa, onde atua a maioria dos jogadores presentes no Catar. Teoricamente os atletas chegaram no auge da condição física, mas mesmo assim muitas contusões por desgaste foram registradas em diversas seleções. 

Com as quartas de final definidas, mais do que nunca o lado físico das seleções será decisivo na briga pelo título. “A decisão da Copa do Mundo será física”, afirma o diretor científico do Londrina, o fisiologista Antônio Carlos Gomes. “No momento em que a técnica das equipes se aproxima, terá vantagem quem se movimentar mais”. 

Doutor em Ciências do Esporte e com passagens por clubes como Corinthians e Athletico, além de ser consultor do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Gomes tem acompanhado todos os jogos do Mundial e comparado o desempenho físico dos atletas e das seleções. 

LEVANTAMENTO

Segundo dados levantados pelo diretor do LEC, no jogo contra a Suíça, quando o Brasil venceu por 1 a 0, Casemiro foi o jogador que mais correu em campo, com 11 quilômetros percorridos. No acumulado de todos os atletas, a seleção brasileira percorreu um total de 90 quilômetros no jogo. “É um volume baixo de corrida. Como comparação, na última Série B, o Londrina correu em média 105 quilômetros por jogo e, em alguns deles, chegou a correr 120”, frisou. “Pela diferença técnica, poderíamos dizer que o Brasil não precisou correr na primeira fase. Trocou bola e a sua qualidade técnica prevaleceu sobre os rivais”. 

Para o especialista, esta realidade muda a partir das quartas de final, já que os adversários também têm muita qualidade técnica. “A própria Croácia tem um componente técnico mais apurado que os adversários anteriores. Então, quando se começa a equiparar a parte técnica, o que vai fazer a diferença vai ser a corrida, a parte física”, ressaltou o diretor, que assumirá em janeiro o cargo de coordenador dos cursos de formação e reciclagem de treinadores da CBF.

Pensando em preservar os jogadores, algumas seleções que já estavam classificadas pouparam os titulares no último jogo da primeira fase e se deram bem na sequência. Casos de Brasil, Portugal e França, que saíram derrotados da fase de classificação, mas venceram com autoridade nas oitavas de final. 

Switzerland’s midfielder #15 Djibril Sow (bottom, L) attempts a shot during the Qatar 2022 World Cup Group G football match between Brazil and Switzerland at Stadium 974 in Doha on November 28, 2022. (Photo by Jewel SAMAD / AFP) |  Foto: JEWEL SAMAD / AFP  

“Acredito que o Brasil está bem fisicamente e tenha se poupado um pouco na primeira fase. Resta saber agora se a Seleção está em condições de sair de 90 quilômetros por jogo para 120, 130. Não é só a melhor seleção técnica e tática que vai ganhar. O futebol é físico e psicológico também. O Brasil tem boas condições de chegar ao título, mas terá que correr mais que os outros”. 

DESGASTE

O Brasil volta a campo em Doha na sexta-feira (9) para enfrentar a Croácia por uma vaga nas semifinais. Os croatas se desgastaram mais que os brasileiros pois passaram pelo Japão apenas nos pênaltis, após o tempo normal e a prorrogação. Para Gomes, este tempo a mais em campo da Croácia não trará vantagem física significativa para o Brasil.

“Estamos falando de um intervalo de 96 horas de um jogo para o outro e com este período de recuperação todos entram nas mesmas condições. Os estudos mostram que entre 50 e 60 horas todos os microssistemas do nosso corpo se recuperam. Com 70, 80 horas de intervalo, o organismo passa a armazenar energia. Mesmo se um dos lados teve um desgaste maior, este tempo de recuperação iguala as condições”, finalizou. 

Diretor não garante permanência no LEC em 2023

Antônio Carlos Gomes foi anunciado pelo Londrina em janeiro de 2022. O professor formado pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) foi o responsável por implementar um departamento científico no clube, com o objetivo de integrar todas as áreas da ciência esportiva no LEC. 

“O balanço é positivo e mostramos que não é tão complicado assim conseguir o acesso para a Série A. Com todos os problemas que o clube enfrentou, mostramos que é possível. Se tivéssemos algo a mais de qualidade no elenco e sem as dificuldades financeiras, poderíamos ter chegado”, afirmou. 

Apesar de satisfeito com o trabalho realizado, Gomes ainda não definiu a sua permanência no clube em 2023. De acordo com o diretor, todo o planejamento para a próxima temporada foi feito e entregue ao gestor Sérgio Malucelli. O mandatário do futebol alviceleste está em viagem aos Estados Unidos e retorna à cidade no dia 13. 

“Teremos uma reunião para definir. O que queremos para o ano que vem já está com o clube e gostaríamos de dar continuidade ao trabalho. Mas dependerá muito mais do gestor e da garantia de que não enfrentaremos os mesmos problemas extracampo que vivemos este ano”, apontou. A SM deve salários aos jogadores e funcionários do departamento de futebol.

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