São Paulo – O Congresso do Peru oficializou nesta quarta-feira (7) a vice-presidente do Peru, Dina Boluarte, como chefe de Estado do país após uma tentativa fracassada do agora ex-presidente do país, Pedro Castillo, de tentar destituir o Parlamento. Ela se torna a primeira mulher presidente da nação sul-americana.
| Foto: Cris Bouroncle/AFP
Apesar de aliada a Castillo, logo após o anúncio do presidente, Boluarte condenou a destituição em sua conta no Twitter e acusou o esquerdista de “perpetrar a quebra da ordem constitucional”. “É um golpe que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, acrescentou.
Mais cedo, os parlamentares ignoraram a ordem de Castillo e aprovaram a moção de vacância do político populista. O mecanismo, uma espécie de impeachment, foi aprovado com 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções – eram necessários 87 votos para a aprovação.
O resultado, aliás, é bem superior às últimas duas votações que tentaram tirar o atual presidente do poder sob acusações de corrupção e “incapacidade moral”.
Dina Boluarte, 60, formou-se como advogada pela Universidade de San Martín de Porres e se especializou em Direito Administrativo e Gestão Pública, Direito Constitucional, Direito Processual Constitucional e Direitos Humanos.
Além de vice-presidente, ela foi nomeada ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social do governo de Castillo logo após a posse de Castillo. Ela, porém, abandonou o cargo após a nomeação de Betsy Chávez como presidente do Conselho de Ministros – espécie de primeira-ministra do país.
A agora nova chefe de Estado é filiada ao Perú Libre, partido de esquerda ao qual Castillo também fazia parte quando foi eleito presidente, em julho do ano passado. Ele, no entanto, abandonou a legenda em junho, e a sigla foi para a oposição.
Castillo é acusado pelos ex-correligionários de não ter colocado em prática o programa do partido nem de ter cumprido as promessas eleitorais. Em vez disso, a legenda afirma que o presidente vinha implementando um “programa neoliberal perdedor”.
Castillo foi afastado da Presidência pelo Congresso na tarde desta quarta, horas depois de tentar dissolver o Parlamento e antecipar eleições, decretando ainda um estado de exceção, e acabou preso.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira que o presidente destituído do Peru, Pedro Castillo, adotou ações “incompatíveis com o arcabouço normativo constitucional” do país.
A tentativa do líder de dissolver o Parlamento e de decretar Estado de exceção também foi considerada pelo Itamaraty como uma “violação à vigência da democracia e do Estado de Direito”. Em nota, o ministério afirmou esperar que “a decisão constitucional do Congresso peruano represente a garantia do pleno funcionamento do Estado democrático no Peru”.
Receba nossas notícias direto no seu celular. Envie também suas fotos para a seção ‘A cidade fala’. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.