Uma vez em Florença, Itália, realizei um sonho de muitos anos e comprei um terno italiano. Azul marinho, caimento impecável e fui feliz com ele por muitos anos até o dia que mandei lavar e apareceu a etiqueta “made in China”. Nossa, que decepção!
Há alguns anos na divisa do Canadá com o Alasca em uma vila pequena, onde índios construíam totens desde seus ancestrais, me deliciei com aqueles primitivos trabalhando e de maneira feliz fui comprar um totem pequeno como souvenir. Embaixo estava escrito “made in china”, que tristeza!
Foi aí que descobri que: Cuba faz médicos, Brasil faz políticos corruptos, África e Ásia fazem os bebês e a China faz todo o resto de todas as coisas do mundo. Como?
Na China, não existe nenhum presidente que dá bolsa família, auxílio Brasil, para ganhar votos. Com 1 bilhão e 400 milhões de pessoas o indivíduo tem que trabalhar, embora ganhe-se US$ 0,64 por hora contra US$ 14,54 na Austrália, US$ 13,67 em Luxemburgo.
Lá se não trabalhar, não se come, e por isso o chinês faz de tudo para todos. Em nosso país, tem gente que talvez prefira sofrer à fome do que trabalhar, ou seja é mais fácil ganhar sanduíches para assistir comícios de candidatos incompetentes, medíocres, inábeis.
Mas quem sou eu, um modesto professor para criticar políticos despreparados ou desonestos? Ineptos de todos os lados.
Essa política de tolerância zero contra a moleza, a vadiagem, o desleixo, a desaplicação, o desmazelo, a displicência e a incúria, funciona na China? Há 40 anos, quando acabava meu curso de doutorado no INPA, li um livro “Henfil na China”, onde ele contava a entrada da Coca Cola naquele país.
A população já era a maior do mundo, comiam arroz com arroz, mas ninguém passava fome. Uma sala de cirurgia não podia se dar ao luxo de ter azulejos nas paredes, para gastar os recursos com os casos de maior necessidade. O Li, mesmo divorciado da Wang, tinha que viver no mesmo apartamento, porque os recursos eram escassos demais. Já existiam tantas pessoas que todas não podiam folgar nos domingos porque destruiriam e não caberiam nos parques e praças, e as pessoas eram divididas nas folgas.
Mas a sua política de tolerância zero com a preguiça fez com que eles se tornassem a segunda maior economia do mundo e nós caímos como se não tivéssemos de paraquedas. E hoje a fome, a falta de cuidados com a saúde e educação nos assola de forma desesperadora. Tirando os pastores exploradores e os políticos desonestos, quem mais cresceu no Brasil?
Essa maneira de dar o peixe em vez de ensinar a pescar, tanto dos que se apropriam inapropriadamente ou daqueles outros que exploram os pobres em nome de uma política socialista que só existe para benefício próprio, é muito atroz e bárbara neste nosso país. Interessante que quase todos se envolvem, alguns por serem mal-intencionados, outros por ignorância e poucos por esperança.
Viva o povo deste país que não cometeu nenhum crime, mas vive prisioneiro das tragédias. Paulo Freire já dizia que num país como o Brasil, manter a esperança viva em si é um ato revolucionário. Enquanto isso, na
China, o povo trabalha e vende.
Nas últimas 4 décadas esse país retirou mais de 700 milhões da pobreza, com o trabalho. Já imaginaram 1 bilhão de pessoas recebendo auxílio família? Isto é; lutam contra fome e a pobreza na contramão do mundo ocidental. Mas, nossa atitude de acudir pessoas com óbolos em vez de dar trabalho é vergonhosa, os falsos intelectuais se promovem e se reelegem. Gostam de olhar o povo como dependentes. Talvez, fosse melhor nos unir para fazer deste país algo melhor para o amanhã. Mas antes de tudo, temos que receber a educação que não temos, porque sem ela não se chega a lugar nenhum.
Nélio Reis, professor universitário