Neymar: um refém da própria imagem

O principal nome da Seleção Brasileira já é desfalque na Copa. Neymar foi o jogador que mais recebeu faltas na primeira rodada do mundial: nove. Foi mais caçado que Harry Kane (ENG) e Eden Hazard (BEL), que receberam quatro faltas.

Brazil’s forward #10 Neymar looks on during the Qatar 2022 World Cup Group G football match between Brazil and Serbia at the Lusail Stadium in Lusail, north of Doha on November 24, 2022. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) |  Foto: Nelson Almeida/AFP 

Neymar sempre foi visado e não é só pela qualidade e habilidade. O jeito provocativo e insinuador não agradam os adversários há muito tempo. Um perfil construído para chamar a atenção de ser “perseguido” em todos os jogos, mas que o deixou prisioneiro de um comportamento, sendo um alvo sempre pronto para ser atacado.

Não conheço Neymar pessoalmente, mas conheço pessoas que convivem com ele e sempre dizem do ser de bom coração que é, humilde e muito “parceiro”. Mas esta imagem não é a que o grande público tem de Neymar. Para ficar só dentro de campo, o atacante criou uma imagem de “cai-cai”, “não-me-toque-não-me-rele”, “dodói” e “mimado”. 

Aos 30 anos já tem um comportamento mais maduro, mas o perfil criado e que ganhou o mundo não é visto de forma diferente pelos adversários. Por isso, é caçado a cada partida como uma forma de provocação e desequilíbrio. Como tem muito talento, apanha mais que o necessário.

Comparando o brasileiro com Messi, que na minha opinião é muito mais talentoso, o tratamento é diferente. O argentino sempre foi marcado com mais profissionalismo. Até para “bater” em Messi os adversários têm respeito. Por quê? Porque o argentino sempre quer só jogar bola.

Contra a Sérvia, nitidamente, houve uma tentativa de intimidação desde o início com o camisa 10 do Brasil, não por ser o principal jogador, mas para desestabilizar alguém que a idade ajudou a equilibrar, mas que ainda não foi suficiente para mudar a imagem perante aos adversários e torcedores brasileiros.

Neymar não é mais “dodói” ou “cai-cai”, mas carrega um velho ditado junto a si: “a primeira imagem é a que fica”.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina

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