Setor da construção investe para qualificar mão de obra

A construção civil é um dos setores que mais empregam em Londrina. Mesmo assim, hoje há inúmeras vagas de trabalho em aberto, visto que falta mão de obra nessa área de maneira geral, praticamente em todas as especialidades e setores (gesseiro, pintor, eletricista, encanador, armador, carpinteiro, marceneiro).

O alerta é do engenheiro civil e empresário Sandro Paulo Marques de Nobrega, presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) Paraná Norte, que defende um incremento na formação de mão de obra.

Sandro de Nobrega, do Sinduscon Paraná Norte, destaca que a entidade tem fomentado a criação de mão de obra |  Foto: Edsley Bonassoli/Divulgação 

“A falta de mão de obra iniciou quando houve um grande apagão nesse aspecto em 2015. Na época, uma desaceleração do setor foi observada e esse déficit foi agravado com a rápida expansão da atividade registrada em 2020”, explica.

Nobrega acrescenta que esse tema é prioridade para o Sinduscon, já que as empresas precisam de bons profissionais para colocar projetos futuros em andamento.

“Atuamos na criação de projetos e programas que podem colaborar com o setor de forma mais ampla. A capacitação propriamente é realizada por instituições de ensino, como Senai, e algumas escolas do setor privado. As próprias construtoras, muitas vezes, também se envolvem mais diretamente nessa formação. Mas precisamos de uma formação maciça em diversas especialidades da construção civil”, defende.

Formação de bons profissionais é prioridade do setor da construção civil, pois as empresas precisam de bons trabalhadores para colocar projetos futuros em andamento |  Foto: iStock

  FORMATOS

O Sinduscon tem buscado fomentar essa formação de diversas formas. A entidade desenvolve um programa piloto de oportunidades, em parceria com o Senai e outras instituições, como a Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Renda de Londrina.

O projeto conta com oficinas em várias áreas da construção civil para que as pessoas conheçam a atividade e também os benefícios de trabalhar no segmento.

Coordenador de obras da Vectra, Fernando Henrique Silva Cruz destaca que a busca por novos funcionários é constante |  Foto: Divulgação 

“Atualmente, o setor oferece um dos melhores salários da indústria e benefícios, como ticket e atendimento médico. As primeiras turmas estão prestes a começar e inicialmente prevemos a formação de 800 pessoas”, anuncia.

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Segundo o presidente do Sinduscon, a intenção com as oficinas é ao menos despertar o interesse, para que posteriormente essas pessoas se especializem na área escolhida e comecem a trabalhar nos canteiros de obras, os locais ideais para ganhar experiência e expertise.

MERCADO AQUECIDO EM LONDRINA

Nobrega reforça que o mercado da construção civil está aquecido em Londrina. “Na cidade, para imóveis novos, especificamente, o mercado não está conseguindo atender, já que todos os lançamentos estão sendo comercializados quase que de imediato.”

O presidente do Sinduscon não citou valores, mas reforça que os salários na construção civil variam de acordo com a experiência do profissional. Existe uma avaliação em função da melhoria, desempenho do trabalhador e também do tipo da atividade.

“De uma forma geral, armador, carpinteiro e pedreiro têm um salário parecido e possibilidades de carreira. O servente e o meio-oficial são salários de quem não tem experiência nenhuma ou está a caminho de se tornar um profissional de um determinado segmento da construção.”

Ele acrescenta que é preciso desmistificar a questão da mão de obra na construção civil, já que o trabalho não é mais como era há 30 anos.

“Atualmente, o canteiro de obras é um local organizado e, graças às novas tecnologias envolvidas no processo construtivo, o trabalho pode ser pesado, mas não extenuante como antigamente. Os salários são bons e quem se especializa em atividades da construção civil é visto com bons olhos e tem chances de crescer na carreira”, conclui.

GENERALIZADA

O coordenador executivo de obras da Vectra, engenheiro civil Fernando Henrique Silva Cruz, destaca que a construtora tem investido fortemente na formação e na qualificação dos colaboradores. “Também temos feito parcerias com entidades e instituições da cidade com ações estratégicas para mitigar essa situação”, pontua.

Ele acrescenta que a construtora está constantemente em busca de funcionários para trabalhar na empresa.

“Mesmo com a pandemia em 2020 e em 2021, a Vectra manteve um ritmo forte de contratação. Neste ano, a empresa seguiu em expansão e prossegue com boa perspectiva de crescimento para 2023, quando teremos muitos lançamentos e em diversos segmentos, exigindo muita mão de obra qualificada.”

Cruz destaca que o mercado está aquecido e a procura por imóveis segue a tendência de crescimento em todos os segmentos – quem está em busca do 1º imóvel, famílias que estão procurando apartamentos maiores, investidores, entre outros.

“A pandemia pode ter ajudado a despertar nas pessoas o desejo por algo mais sólido, algo para o futuro. Desde sempre, o imóvel é um investimento seguro, estável, e quando nos encontramos em um ambiente de taxa de juros atrativa como estamos agora, com facilidade de financiamentos junto ao governo e a bancos, a procura naturalmente cresce.”

QUALIFICAÇÃO

Andre Sella, engenheiro civil da Galmo, reforça que a maior dificuldade da contratação está para cargos que exigem qualificação técnica e/ou experiência. “Há escassez de qualificação no setor. A construção civil tem condições de respostas rápidas de absorção de mão de obra, porém, profissionais no mercado são escassos.”

Andre Sella, engenheiro civil da Galmo: “A indústria da construção civil tem um desafio de trazer os mais novos para nossa cadeia” |  Foto: Divulgação 

Para enfrentar esse desafio, primeiro a construtora busca indicações dentro da empresa e uso de agências de emprego, além de buscar a formação interna de colaboradores, dando oportunidades dentro da própria companhia.

“Geralmente as empresas têm disposição de custear esta qualificação. Buscamos valorizar financeiramente o colaborador e, com isso diminuímos a rotatividade.”

O engenheiro considera que um dos desafios é encontrar um jovem que deseja ser mestre de obras, por exemplo. “A indústria da construção civil tem um desafio de trazer os mais novos para nossa cadeia. É uma área com alta demanda, com novas tecnologias e ferramentas de controle. É importante o investimento em cursos profissionalizantes”, concluiu.

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