CMEI Abdias do Nascimento homenageia personalidades negras

O Centro Municipal de Educação Infantil Abdias do Nascimento, localizado na zona leste de Londrina, homenageia personalidades negras que foram celebradas ao longo dos dez anos de história do CMEI. A VIII Semana Cultural Abdias do Nascimento, que começou na segunda-feira (21) e segue até sexta-feira (25), é aberto à comunidade. Traz trabalhos que as crianças fizeram sobre aspectos culturais afro-brasileiros, a partir da história dos artistas e ativistas homenageados. O evento é também para lembrar o Dia da Consciência Negra, que foi no último domingo (20). 

A mostra tem maquetes, esculturas, desenhos e fotografias feitas por 78 crianças, das turmas de C1 a C3 (de um a três anos de idade), e pode ser visitada pelo público em geral das 8h às 18h. O CMEI fica na rua Santa Rosa, 141, Conjunto Pindorama.

Já foram homenageados o escritor e ativista pelos direitos humanos das populações negras brasileiras Abdias do Nascimento (1914 – 2011), patrono da unidade escolar; o artista plástico Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989); o fotógrafo Walter Ney (1957 – ); a escritora Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977); a fotógrafa Angelica Dass (1979 – ); e o doutor Oscar do Nascimento (1929 – 2019), que foi cidadão honorário de Londrina, advogado e professor que lutou por causas sociais.

“Procuramos apresentar essas figuras de forma muito lúdica. Apesar de serem pequenas, as crianças estão inseridas numa sociedade em que o preconceito ainda grita. Então, para elas, conhecer a vida, os desafios, as vitórias de cada personalidade, é algo que traz inspiração e contribui para a afirmação, pois elas vão se lembrar disso quando crescerem. Essa formação contribui com os pais e com a comunidade também, que vem visitar a mostra”, avaliou  a coordenadora pedagógica do CMEI, Laura Maria Giorio Saviani. 

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Como nos últimos dois anos, por conta da pandemia, o CMEI não pôde realizar a Semana Cultural, neste ano a unidade relembra a história de todas as figuras homenageadas nos anos anteriores.

DESENHOS E INFÂNCIA

Dentre os trabalhos expostos na mostra estão uma maquete da casa de Carolina Maria de Jesus e  desenhos da família e da casa de Oscar do Nascimento. “Uma turma estudou o baobá, pois as cinzas de Abdias do Nascimento foram espalhadas num local em que foi plantado um baobá. Outros recriaram esculturas e pinturas do Bispo do Rosário, e fotografias dos artistas como Angelica Dass e Walter Ney”, descreveu. Os pais também contribuíram com contos e histórias de suas infâncias, em homenagem à escrita de Carolina Maria de Jesus.

|  Foto: Emerson Dias – N.Com 

Segundo a diretora da unidade, Simone Cristina de Farias Cavalin, a proposta da Semana Cultural foi baseada no trabalho do patrono do CMEI. “Como Abdias do Nascimento era engajado no movimento negro, partimos dele para começar a iniciativa. Escolhemos sempre figuras cuja vida e obra estejam relacionadas à defesa da igualdade racial e que tenham tido também uma influência na educação, e contamos sobre a vida deles desde a infância até a vida adulta”, explicou.

MOMENTOS ESPECIAIS

A diretora destacou dois momentos muito especiais nesses dez anos da Semana Cultural. “Em 2017, homenageamos o doutor Oscar do Nascimento. Ele veio conversar com as crianças, e pensou que ia ter que contar toda sua história de vida, contar que era advogado, que foi o primeiro negro no curso de Economia da UEL. Mas ficou muito surpreso ao descobrir que as crianças já sabiam de tudo isso, e o que queriam perguntar mesmo era de que comida ele gostava, com o quê gostava de brincar, coisas assim. Ficamos muito contentes, porque depois, em uma entrevista à Folha de Londrina, ele relatou que, mesmo tendo recebido já muitas homenagens, a do CMEI foi a que mais o emocionou, pois foi feita por crianças”, relembrou.

Outro momento importante para Cavalin foi em 2015, quando o homenageado foi o fotógrafo Walter Ney. “Ele foi criado na região, e esteve presente ao longo de toda a Semana. Ele explicou sobre suas fotos e fez vários bate-papos com as crianças. Ambas foram experiências muito ricas, é muito intenso para elas ver a pessoa que estudaram e pesquisaram. Nas duas ocasiões, ouvíamos os alunos muito animados dizendo ‘ele está aqui’”, lembrou.

|  Foto: Emerson Dias – N.Com 

A diretora relatou ainda que os pais têm demonstrado bastante interesse nas atividades, e têm trazido parentes e conhecidos para prestigiar. “Convido toda a comunidade para conhecer nossa Semana Cultural, estamos dispostos a receber todo mundo”, chamou.

A Semana Cultural é resultado de um trabalho desenvolvido durante todo o ano letivo em consonância com as Leis nº 10.639, de 2003, e 11.645, de 2008, que versam sobre a obrigatoriedade de trabalhar temáticas da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas unidades escolares. (Com informações do N.Com)

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