Consciência Negra amplia o pensamento sobre diversidade e inclusão

Baobás são árvores consideradas sagradas e representam a ligação do mundo físico com o mundo ancestral. Na religião, a planta personifica o espírito africano, sendo considerada a árvore da vida com muita importância para tribos. Na Escola Municipal Salim Aboriham,  no mês em que a Consciência Negra é celebrada, o baobá agora tem um verdadeiro significado e o trabalho de um ano todo evidencia como a diversidade é respeitada, ensinada e praticada.

Alunos da Escola Municipal Salim Aboriham aprenderam mais sobre o baobá, árvore considerada sagrada na cultura africana |  Foto: Divulgação 

De acordo com a coordenadora pedagógica da unidade, Leandra dos Santos, os 440 alunos realizaram atividades relacionadas à etnia, raça e sobre preconceito. Os trabalhos compõem uma exposição anual e a interdisciplinaridade está presente em diferentes propostas. 

LEIA MAIS:

UEL põe em discussão a cultura afro na formação do professor

Atividade nas bibliotecas: autores e livros nos bairros

As tradicionais máscaras africanas foram o tema desenvolvido pela professora do 1º B e 1ºC – Professora Larissa Beatriz de Almeida Leão. Seus alunos também vivenciaram o universo cultural africano e refletiram sobre as contribuições desses povos por meio da Literatura, quando foi trabalhado o livro Obax, de André Neves. 

Alunos do 3º ano da professora Pâmella Karoline Ferreira Euzébio elaboraram um autorretrato onde cada aluno representou sua cor de pele. e a proposta partiu da leitura da obra “Lápis cor de Pele”, Daniela de Brito. Houve aula de leitura para todas as turmas com a professora Danielly Cristina Mansano e uma história especial dentro do contexto: “Bruna e a galinha d’angola”, de Gercilga de Almeida.  No P5, os professores Cristiane Martieno e Wando Rodrigo Lima desenvolveram brincadeiras de origem Africana como “Gutera Uriziga”, “Da Ga” e “Terra Mar”.

DANÇAS NO EJA

Já no ensino dedicado ao EJA – Educação para Jovens e Adultos, as professoras Eliane Cristina de Oliveira Rodrigues e Márcia Natalina Oliva apresentaram aos estudantes adultos danças de matrizes africanas e, como demonstraram grande interesse ensaiaram o maculelê, apresentado na festa da primavera da escola. 

No EJA – Educação para Jovens e Adultos – estudantes apresentaram danças de matrizes africanas |  Foto: Divulgação 

De acordo com a coordenadora da Escola Municipal Salim Aboriham, a cada ano os temas relacionados à Consciência Negra são tratados de modo mais confortável. “A Prefeitura nos envia grandes obras e uma diversidade de recursos tecnológicos que nos permitem trabalhar com todas as idades”, afirma. 

CULTURA E CONSCIENTIZAÇÃO

A Escola Municipal Professora Tereza Canhadas Bertan, localizada no jardim União da Vitória, região sul de Londrina, os 380 estudantes aprenderam mais sobre diversidade no ano letivo de 2022. A coordenadora pedagógica Márcia Souza Menezes reconhece a importância da abordagem para uma formação sociocultural. 

Com planejamento, as práticas pedagógicas atingiram os objetivos. “Durante o ano, trouxemos as contribuições dessa raça como um povo que habita o continente, de onde vem, seus hábitos e como nos influenciam na cultura, gastronomia e brincadeiras desde a primeira infância”, comenta Menezes. 

Na Escola Municipal Professora Tereza Canhadas Bertan, os 380 alunos aprenderam mais sobre diversidade em 2022 |  Foto: Divulgação 

Estudar a biografia de personagens como Nelson Mandela foi também uma maneira de despertar sobre o Dia da Consciência Negra. “Suas riquezas nos influenciam e isso se reflete na construção da própria personalidade. Temos alunos que suas bisavós vieram da África e são protagonistas de grandes lutas. Por isso passamos a eles a importância de se valorizar, de se reconhecer, assim como combater a discriminação racial.

O trabalho de conscientização abrange as disciplinas de história, geografia, biologia. “Identificamos suas vivências ao longo do tempo, os locais por onde muitos passaram em busca de uma promessa melhor migrando de um país a outro, assim como a miscigenação”, explica a coordenadora. 

MITOLOGIA E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS AFRICANAS

A obra “Mitologia dos Orixás”, de Reginaldo Prandi, é a inspiração para a atriz e contadora de histórias londrinense Edna Aguiar contar histórias da mitologia iorubá preservadas por meio da oralidade em “Preta do Leite Contando Ancestralidades da Mitologia Iorubá”. Pesquisadora da cultura popular, Aguiar explica que suas apresentações nas escolas contribuem para dissipar o preconceito em relação às religiões de raiz africana. 

Edna Aguiar, que se dedica à contação de histórias, apresenta nas escolas a mitologia iorubá baseada em livro de Reginaldo Pradi considerado um dos mais completos sobre o tema |  Foto: Flávio Benedito Conceição/ Divulgação 

Aguiar explica que sua escolha pela obra se deve por sua abrangência. “Trata-se de um dos livros mais completos que temos em relação aos mitos reunidos”, valoriza. “Mitologia dos Orixás”, do sociólogo Reginaldo Prandi, é considerada a mais completa coleção de mitos da religião dos orixás já reunida em todo o mundo. 

Na obra, cada mito é apresentado como uma surpresa e os deuses como Exu, Ogum, Iemanjá e Iansã. “Mitologia dos Orixás'” chama a nossa atenção para sentidos vitais profundos e nos aproxima do vasto patrimônio cultural dos negros iorubás ou nagôs. Eu abordo o mito da criação do ser humano sob a ótica de Iorubá,” explica Aguiar.

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção ‘A cidade fala’. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *