O projeto Gota Preta se inicia nesta terça-feira (22), com narrativas que criticam o processo de embranquecimento, visando democratizar o acesso à arte no País.
As sócias-fundadoras da Zeferina Produções, Ciça Pereira e Tainá Ramos, vão realizar uma exposição online, a ser exibida na plataforma #culturaemcasa, cujo objetivo é ressaltar artistas negros e indígenas. A mostra conta com cinco talentos das artes plásticas: BREDNATELLA, Crica Monteiro, Ione Maria, Reginaldo Francolino e Toddy.
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“Gota Preta’ é uma ideia que surge do nosso incômodo com o mercado artistico cultural, onde o embranquecimento das nossas narrativas e a objetificação de artistas negros e indígenas acontece. Nossa ideia com ela é pensar possibilidades e unir forças para criar espaços seguros dentro das artes plásticas, sobretudo preservando o ser que cria e suas especificidades”, explica Ciça Pereira sobre seu objetivo com o projeto.
Tainá Ramos fala sobre a relação do projeto com a democratização: “Numa exposição online, conseguimos levar a arte desses artistas para mais pessoas. Não estamos falando só de um território específico, periférico, ou de um museu. Estamos falando de acessar a exposição e o conteúdo desses artistas no mundo todo”.
Muito mais do que dar visibilidade à arte em si, a “Gota Preta” coloca em foco a história de cada artista. A curadoria não traz apenas o recorte de raça, mas também o recorte territorial (que na maioria são artistas periféricos pretos e LGBTQA+), com o equilíbrio de gênero e idade, mostrando a multiplicidade de narrativa que essas pessoas carregam.
“Quando você observa a exposição, você percebe que apesar de serem pessoas diferentes, a identidade delas, principalmente a questão racial e a questão das suas memórias e histórias, fica retratada ali. Então a arte é o mecanismo de contar seu próprio enredo”, elucida Ciça.
| Foto: Divulgação
Perfil dos artistas
Reinaldo Francolino, paulista nascido no final da década de 50. Fez um curso ténico em Cenografia e Figurino pela Escola de Teatro de São Paulo, além de participar durante três anos em cursos de gravura.
Crica Monteiro, também é paulista, adquiriu o gosto pelas artes muito cedo por influência da mãe que pintava telas diariamente, além de dar aulas de artes. Durante a adolescência o Hip Hop a ajudou a descobrir uma paixão pela a arte de rua.
BREDNATELA, como os anteriores é paulista, tem como refêrencia os artistas simbolistas e contemporâneos como Gustav Klimt, Adriana Varejão e Lina Iris Viktor, o artista trabalha com pintura-escultura sobre a tela e a madeira, pintura corporal, fotografia, além da escrita de artigos, ensaios e contos.
Reginaldo Francolino nasceu no fim dos anos 50 e apresenta sua perspectiva de negritude.
Ione Maria exibe técnicas da colagem, enquanto Crica Monteiro vem da arte digital, embora apresente obras de artes plásticas. Toddy tem uma trajetória no grafite nacional e internacional, como também é um dos fundadores da Favela Galeria.
“Em nossa primeira exposição feita em pandemia, a “Gota Preta 01”, promovemos um encontro artístico feito em sinergia e em um espaço seguro, a Favela Galeria, para que além das artes, nossos artistas pudessem falar sobre suas vivências e territórios com protagonismo; literalmente uma ode à memória humana e seus impactos visuais e plásticos com artistas negros e indígenas vivos. O projeto foi 100% idealizado por produtores, artistas e profissionais pretos, em suas múltiplas identidades”, finaliza Ciça.
Serviço:
Expo GOTA PRETA @ #CULTURAEMCASA
Mostra dos artistas BREDNATELLA, Crica Monteiro, Ione Maria, Reginaldo Francolino e Toddy
Quando: de 22 de novembro de 2022 a 31 de dezembro
Onde: Plataforma Cultura em Casa
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