Mais de 20 dias após o temporal que deixou prejuízos e assustou os moradores de São Luiz, na zona rural de Londrina, o cenário de destruição ainda está presente na memória e na paisagem do pacato distrito. O principal ponto de estrago foi o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) João Rampazzo. Durante os fortes ventos, uma torre de 63 metros da Eletrobras que ficava no terreno dos fundos caiu sobre a unidade, que segue interditada.
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Na sala onde as crianças estudavam o chão está forrado por escombros do teto, que desmoronou. Já a torre de energia que foi abaixo se transformou num emaranhado de ferro e metal, tudo contorcido. “A torre caiu sobre toda a extensão do CMEI, do fundo até a frente. Comprometeu duas salas de aula, um almoxarifado. Perdemos muitos materiais, móveis, televisão, brinquedos, ventiladores”, lamentou a diretora, Edna Maria da Cunha Fonseca.
Torre que caiu virou emaranhado de ferro e metal | Foto: Pedro Marconi – Grupo Folha
Desde o final de outubro, os 58 meninos e meninas de dois a cinco anos estão na escola municipal Francisco Aquino Toledo – na mesma rua -, que precisou adaptar alguns espaços. “As duas turmas do P4 estão sendo atendidas como uma turma só. Também foi necessário juntar no mesmo espaço as crianças do C2 e C3, que por enquanto, deixou se ser integral e virou parcial. Foi a única forma que encontramos para não cancelar as aulas”, destacou.
A agricultora aposentada Aparecida Guedes Moraes estava em casa no dia do temporal e contou que dezenas de postes caíram. “Foi mais vento do que chuva. Em questão de segundos estava tudo destruído: postes, casas destelhadas, árvores que caíram”, relembrou. A também agricultora aposentada Cleide Garcia de Souza chegou a ter as telhas da garagem arrancadas pela força do vento. “Meu filho que arrumou. Fiquei com muito medo de destelhar minha casa inteira.”
Na praça, objetos públicos danificados com o temporal ainda não foram consertados | Foto: Pedro Marconi – Grupo Folha
Na praça de São Luiz, uma árvore de grande porte desabou sobre lixeiras e bancos. A lixeira, por exemplo, segue no chão e amassada. A raiz da árvore está exposta e a calçada ainda não foi arrumada. Segundo o servidor público aposentado Manoel Rodrigues, a praça estava cheia na hora da chuva. “Tinha um pessoal acompanhando a apuração da eleição. Por sorte não caiu a torre e a árvore nas pessoas. Mas foi bem feio”, afirmou.
TELEFONIA E INTERNET
Os moradores reclamam que têm enfrentado dificuldades para ter acesso à internet e telefonia. “Até semana passada estávamos sem internet, telefone mudo. Estava difícil a comunicação. Agora voltou, mas oscila muito”, relatou Aparecida Moraes. “Meu chip da Sercomtel não pegava, tive que comprar de outra operadora para conseguir fazer ligação”, disse Manoel Rodrigues.
A Sercomtel informou que o tempo de restabelecimento do serviço está comprometido pela escassez de materiais no mercado e que a telefona e internet fixa foram reconstituídas com interligação via fibra óptica à central telefônica de Londrina. Foram construídos 20 quilômetros de rede. A empresa instalou uma placa com essas informações para esclarecer os problemas à população. “Destacamos que o ocorrido se deu por fatores naturais. Alheios à nossa vontade”, ressaltou a companhia.
Reparos em creche serão pagos por dona da torre
A Eletrobras CGT Eletrosul irá bancar a reconstrução do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) João Rampazzo. De acordo com a secretaria municipal de Educação, a previsão é de os serviços comecem nesta semana. A torcida e expectativa da direção da unidade é que tudo esteja pronto até o ano letivo de 2023, que terá início em seis de fevereiro.
“Deram prazo de dois meses de obras a partir do momento em que começarem. Nossa esperança é que iniciemos o ano letivo no prédio do CMEI, para que façamos a preparação para o ambiente que vão conviver. Do contrário fica prejudicada essa adaptação, que é importante com as crianças menores”, ressaltou Edna Maria da Cunha Fonseca, diretora da creche.
Além dos alunos, a própria administração do centro de educação infantil teve que se acomodar de forma provisória na escola municipal Francisco Aquino Toledo, ocupando a sala que era dos professores. “A escola nos recebeu muito bem, porém, não é fácil para eles, nós, os pais e para as crianças”, constatou. A empresa também terá que recompor o que foi perdido pela unidade.
A reportagem procurou a Eletrobras, no entanto, não obteve retorno até a finalização da matéria.
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