Qatar faz abertura da Copa com discurso de inclusão e diversidade

 São Paulo, SP- Agora é oficial. Temos Copa. A cerimônia de abertura realizada no Qatar, primeiro país do Oriente Médio a sediar o Mundial, varreu para baixo do tapete seu histórico de violação dos direitos humanos, pregando valores como inclusão e diversidade em uma cerimônia grandiosa, com direito a narração (presencial) do ator americano Morgan Freeman.

A cerimônia durou cerca de 30 minutos no estádio Al Bayt, com capacidade para 60 mil pessoas, e que vai receber nove jogos na Copa, incluindo o primeiro, Qatar x Equador, e uma das semifinais. Freeman interagiu com o youtuber Ghanim al-Muftah, ativista que nasceu com a rara síndrome de regressão caudal, uma má-formação que afeta o desenvolvimento da parte de baixo do corpo.

Do ponto de vista técnico foi superior às recentes aberturas da Copa de 2018, na Rússia, que durou cerca de 15 minutos, e a da Copa 2014, no Brasil, que teve até coreógrafa chamada em cima da hora.

Antes mesmo de Freeman pisar no palco, já tinha rodado um vídeo com tubarão-baleia, desertos, mulheres qataris e outras figuras da culturas do país. Ao lado do ator hollywoodiano, o outro anfitrião da festa foi a mascote La’eeb, que sobrevoava a cerimônia, que também teve danças árabes típicas de tribos beduínas e tambores misturados a bastões de LED.

A festa qatariana apelou à memória afetiva de torcedores, com mascotes de todas as Copas – até o Fuleco foi ressuscitado- e medley com os principais hits, incluindo “Waka Waka”, sucesso de Shakira em 2010, e “The Cup of Life”, com Ricky Martin, tema do Mundial de 1998. Shakira chegou a ser convidada para a cerimônia, mas, assim como outros astros da música, declinou o convite – juntando-se a Dua Lipa e Rod Stewart.

Camisas de 2 metros de altura de todas as seleções desfilaram no campo, deixando em destaque as duas equipes que abririam o Mundial, Qatar e Equador.

Antes do final, houve tempo para o astro do k-pop Jung Kook, integrante do grupo sul-coreano BTS, apresentar uma das músicas do Mundial, “Dreamers”, ao lado do cantor qatari Fahad Al-Kubaisi. O hit traz versos como “respeitar o amor é o único jeito”, “as portas estarão sempre abertas”, “nós somos os sonhadores, faremos acontece porque podemos enxergar isso”. 

Porém, “Light the Sky”, outra música oficial para o Mundial, com quatro mulheres de origem árabe no comando, ficou fora da abertura.

O foco na diversidade também se fez presente no discurso do emir Tamim bin Hamad al-Thani. “Recebemos a todos de braços abertos na Copa do Mundo 2022”, disse. Ele também falou que a festa é um espaço para “diálogo e civilização”. “As pessoas, por mais que sejam de culturas, nacionalidades e orientações diferentes, vão se reunir aqui no Qatar. Que beleza juntar essas diferenças todas.”

Durante a preparação para a Copa, o Qatar foi inundado de críticas pelo tratamento dado às mulheres, pelas leis que criminalizam a comunidade LGBTQIA+ e pelos direitos trabalhistas restritos.

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