Unir a paixão pelo futebol e o Londrina com a ajuda e inclusão ao próximo. Este passou a ser o desafio do assistente administrativo Matheus Soares Dantas desde que foi diagnosticado com o TEA (Transtorno do Espectro Autista) no segundo semestre deste ano.
| Foto: Gustavo Carneiro/Folha de Londrina
Aos 27 anos, o torcedor alviceleste foi diagnosticado com a grau 1 do TEA e resolveu criar a torcida Tubautistas, com o objetivo de auxiliar outros autistas a acompanharem os jogos do Tubarão no estádio do Café e ao mesmo tempo trazer o tema para ser discutido e compreendido pela sociedade. O autismo é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos.
“Criei a torcida pensando em duas coisas. Primeiro, a inclusão e para isso vou buscar a criação de um espaço no estádio do Café para que os autistas possam se sentir acolhidos, os pais possam levar seus filhos para assistirem aos jogos do Londrina. Depois o esclarecimento sobre o autismo. As pessoas, na sua maioria, não sabem o que é e com o conhecimento podem levar outras pessoas a buscarem um diagnóstico preciso e ajuda médica”, frisa Dantas, que nasceu no Rio de Janeiro e se mudou para Londrina com 12 anos.
Matheus Dantas conta que desde adolescente sempre teve gostos peculiares, não se encaixava nos lugares comuns e preferia ficar mais quieto e isolado. No entanto, a procura por um diagnóstico preciso veio apenas na idade adulta, após estar casado e depois de ter sofrido uma crise terrível de ansiedade.
“A primeira suspeita veio da minha psiquiatra. Começamos com um tratamento de ansiedade e após novos exames, consultas com psicólogos, chegamos a diagnóstico final de TEA”, relata. “Sempre é um baque porque você começa a pensar em como as pessoas vão te encarar, vão te ver. No entanto, eu continuo sendo a mesma pessoa, só que agora sei o que tenho e comecei a pensar em criar mecanismos para viver melhor”.
E uma das coisas para viver bem para Matheus é ir ao Café e torcer para o LEC. O torcedor revela que na infância não gostava de futebol e a paixão começou a nascer quando se mudou para Londrina, em 2007. Passou a frequentar o Café e se apaixonou pelo Tubarão. “Tenho um sentimento tão bom quando vou ao Café, volto mais leve, mais tranquilo. Quando o LEC perde mexe demais comigo e dói muito, mas o inverso também é proporcional. Hoje sou londrinense de corpo e alma”, comenta.
Torcida
A inspiração para criar a Tubautistas surgiu ao assistir a um jogo do Corinthians e ver a faixa dos Autistas Alvinegros. O Timão foi o primeiro clube do Brasil a ter uma torcida para o público autista. A Neo Química Arena possui um ambiente adaptado para inclusão de torcedores com TEA, com isolamento acústico e atividades exclusivas para este público.
Ao menos outros 12 clubes brasileiros já possuem torcidas para autistas, entre eles Flamengo, São Paulo, Fluminense, Bahia, Athletico e Ceará. A Copa do Mundo do Catar será a primeira a também ter salas específicas e adaptadas para torcedores com autismo e problemas sensoriais.
Matheus Dantas foi procurado pelo Londrina, que prometeu auxiliar o torcedor na sua iniciativa. “A ideia é ter um espaço reservado nas cativas, com assentos demarcados, disponibilizar protetores de ouvidos e outros mecanismos para que haja um ambiente tranquilo para acompanhar os jogos”, projeta Dantas. Mais informações sobre a torcida podem ser encontradas nas redes sociais da Tubautistas.
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