É um dos propósitos do projeto Identidades Brasilis – do Sesc – evidenciar e debater as contribuições culturais negro-indígenas na atualidade. O projeto busca ainda apresentar modos de vida, formas de ver e se colocar no mundo e apresentar questões que são da ordem das políticas públicas.
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O evento que será realizado no Sesc Cadeião Cultural , a partir desta quinta-feira (17), valoriza a diversidade cultural ao tratar da aprendizagem em âmbito artístico e cultural, abordando a história e as culturas que caracterizam a formação da população brasileira, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil.
“O Rito de Ismael Ivo”, de Ari Cândido Fernandes, é atração desta quinta(17) no Sesc Cadeião Cultural | Foto: Divulgação
Na abertura, nesta quinta, o Cinema Negro em Curtas apresenta os filmes “Alma no Olho” e “O Rito de Ismael Ivo”, às 19 horas, o evento é gratuito. Os dois filmes são dirigidos pelos cineastas brasileiros Zózimo Bulbul e Ari Cândido Fernandes. Apresentam narrativas antirracistas e debatem a representação das pessoas pretas no cinema.
Neste encontro, logo depois da exibição dos dois curtas, o jornalista Fagner Bruno mediará um debate sobre as ideias das obras em diálogo com o conteúdo dos manifestos que embasam o movimento do Cinema Negro no Brasil: Manifesto Dogma Feijoada e Manifesto de Recife.
“Alma no Olho” foi realizado por Zózimo Bulbul, em 1973/1974, no RJ; já “O Rito de Ismael Ivo”, documentário de Ari Cândido Fernandes, foi finalizado em 2003 e traz a vida de um dos bailairnos mais importantes do País, suas performances, depoimentos sobre a dança e as dificuldades sociais enfrentadas para superar obstáculos e atingir uma posição satisfatória na profissão. Vindo de uma família pobre da periferia de São Paulo (SP), Ismael deixa o Brasil no início da década de 80 e torna-se famoso e consagrado artista no exterior.
Separadas por 30 anos, as obras buscam modificar a maneira como os corpos negros são representados no cinema brasileiro – historicamente estereotipados, subalternos ou caricatos. Além disso, são filmes que trazem narrativas a partir das perspectivas da negritude.
Na sexta (18), Rúbia Divino apresenta o show “Transborda” | Foto: Divulgacao
Na sexta-feira (18), Rubia Divino apresenta seu show “Transborda”, resultado de seu primeiro disco de estúdio. O álbum traz composições que nasceram a partir de um processo de investigação de sua própria ancestralidade e memórias: “Tudo que envolve a concepção desse trabalho vem da minha investigação sobre a cura. Foi por meio dela que construí essa narrativa sobre como entender e dimensionar um legado, ancorada ao sagrado e à memória. O objetivo é celebrar a música preta brasileira, com uma obra que marca meus 12 anos de estrada” — explica a artista.
O álbum está em todas as plataformas de streaming e foi coproduzido por Érica Silva (Mulamba, Dandara Manoela) e Lilian Nakahodo. O trabalho está sendo lançado pelo selo Colmeia22 e foi viabilizado pelo Prêmio Aniceto Matti, da Secretaria Municipal de Cultura (Semuc) de Maringá (PR). A capa é uma obra da artista plástica Elisa Riemer.
No sábado (19), a professora e pesquisadora Andrea Pires Rocha traz para o debate o tema de seu livro “O Juvenicídio brasileiro: racismo, guerra às drogas e prisões” (EDUEL). O debate aborda a questão de como parcela da juventude brasileira é consumida pelo racismo estrutural e pelo Estado neoliberal de cunho penal. O livro é resultado de sua pesquisa no pós-doutorado e de sua experiência como Assistente Social.
No domingo (20), o espetáculo Preta do Leite será apresentado, às 15h . Preta do Leite – personagem interpretada pela atriz Edna Aguiar – muito falante e saía cedinho para levar leite de porteira em porteira, de sítio em sítio. Às vezes, quando chegava ao fim da viagem o leite já estava coalhado de tanto que ela parava pra prosear e contar as novidades. Livremente inspirada no livro “Mitologia dos Orixás” (Cia. das Letras, 2000), organizado pelo antropólogo Reginaldo Prandi, Edna Aguiar convida Preta do Leite para contar histórias da mitologia ioruba preservadas por meio da oralidade.
Edna Aguiar é atriz, cantora, contadora de histórias e pesquisadora da cultura popular. Com referências advindas das artes cênicas, da música e da literatura, suas contações se constituem enquanto um emaranhado de elementos estéticos de ambas as linguagens embasadas pela multiplicidade artística da cultura popular no que diz respeito às tradições afro-indígenas-brasileiras. Conta histórias desde 2009, com a personagem Preta do Leite.
Também no domingo (20), às 16h30, acontece a Roda de Diálogos com Mestre Kandiero que fala sobre a história e cultura afro-paranaense, rompendo com o consenso da invisibilidade e com a visibilidade do consenso. O que sabemos sobre a presença africana na História do Paraná? Quem disse que no Paraná não tem negros?
Mestre Candieiro é produtor cultural e professor autodidata. Faz parte dos conselhos estadual e municipal de Promoção da Igualdade Racial e é conselheiro nacional de políticas culturais do Ministério da Cultura. Escreveu cinco livros, entre eles “Afrocuritibanos”, “Afrolapeanos” e “Oralidades Afroparanaenses – Fragmentos da História Negra no Paraná”. É compositor, batuqueiro, capoeirista, fundou o Centro Cultural Humaita – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afrobrasileira; foi Assessor Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Curitiba; Conselheiro Nacional de Cultura; Conselheiro Nacional de Promoção da Igualdade; membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Paraná; membro do Centro de Letras e da Feira do Poeta; e membro do Fórum Permanente de Educação e Relações Etnicoraciais do Paraná.
O produtor cultural Mestre Candiero fala sobre história e cultura afro-paraense no domingo (20) | Foto: Divulgacao
Conheça a programação completa:
Dia 17/11 (quinta), às19h
Cinema Negro em Curtas
Filmes : “Alma no Olho” (Zózimo Bulbul) e “O Rito de Ismael Ivo” (Ari Cândido Fernandes)
Gratuito
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Dia 18/11 (sex), 19h
Show: Transborda, com Rubia Divino
Público: Livre
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Dia 19/11 (sáb)
15h30: Abertura da Exposição – Mostra Cultural Grafite
16h: Bate-papo: O urgente enfrentamento do racismo e do juvenicídio, com Andrea Pires Rocha
Público: Livre
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Dia 20/11 (dom)
Contação de História – Preta do Leite, com Edna Aguiar, às 15h
Público: Livre
Palestra – Oralidades afro-paranaenses, com Mestre Kandieiro, às 16h30
Público: Livre
Todos os espetáculos serão realizados no Sesc Cadeião Cultural – Rua Sergipe, 52
Ingressos gratuitos poderão ser retirados no SAC do Cadeião 1 hora antes do evento
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