SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Boa parte dos corintianos não quer nem lembrar da passagem de Alexandre Pato pelo time alvinegro, mas o atacante finalmente deu sua versão da história nesta terça-feira (31), lembrou o infame pênalti de cavadinha perdido contra o Grêmio, a reação dos companheiros naquele dia e os motivos de não ter rendido no Corinthians.
Pato conta que decidiu ir ao Corinthians por questões médicas, pois “tinha medo de nunca mais jogar futebol”. Ele tinha lesões crônicas e um desequilíbrio muscular que só descobriu em exames no time do Parque São Jorge. “Foi uma pena como tudo terminou no Corinthians”, escreve o atacante em texto publicado pelo The Players Tribune.
“Cheguei como um astro do futebol europeu e salário alto, o que já cria uma distância em um país tão desigual como o Brasil. Então a exigência da torcida era gigantesca. Quando eu perdi o pênalti contra o Grêmio nas quartas de final da Copa do Brasil, fui o único culpado”, lembra, referindo-se à eliminação do Corinthians da competição, em 2013. “Sim, cometi um erro, mas não é verdade que colegas de elenco tentaram me bater. Ninguém fez nada”, continua, desmentindo o ex-companheiro de Douglas, que uma vez disse que “todo o mundo queria bater nele” na ocasião.
“Os torcedores queriam me bater, me matar”, continua Pato. “Passei a andar de carro blindado em São Paulo, com seguranças armados e bombas de gás lacrimogênio. Os torcedores invadiram o CT com pedaços de pau e facas. Isso é uma loucura, algo assustador. Isso não deve ter lugar no futebol de jeito nenhum”, afirma, referindo-se à invasão de fevereiro de 2014.
Esta versão de Pato acrescenta ao que ele já disse em 2020 sobre os tempos de Corinthians. Na ocasião, falou ao canal ESPN que chegou custando caro (cerca de R$ 40 milhões) a um time já formado e campeão da Libertadores, e “não foi bem recebido por alguns do grupo, que tinham muita força naquela época”.
Hoje atacante do Orlando CIty, Pato ainda sonha com seleção brasileira. “Ainda acredito que posso disputar uma Copa. Veja o Thiago Silva e o Dani Alves jogando bem aos 37 e 39 anos”, escreve a certa altura do texto. Ele valoriza a maturidade que conquistou e diz estar feliz com a trajetória que tem.
“Sim, eu não me tornei o melhor do mundo. Mas eu vou te falar uma coisa, cara: vejo os meus pais com muito mais frequência estamos recuperando o tempo perdido. Tenho um relacionamento maravilhoso com os meus irmãos. Estou em paz comigo mesmo. Sou um filho de Deus. Amo minha esposa. Do meu ponto de vista, tenho muitas Bolas de Ouro. Se a vida é mesmo um jogo, eu venci”, encerra Alexandre Pato.
PROTEGIDO NO SÃO PAULO E INOCÊNCIA NOS NEGÓCIOS
Sem clima no Corinthians, Pato foi trocado por Jadson em fevereiro de 2014, dias após a invasão de torcedores ao CT corintiano. O atacante foi emprestado ao São Paulo por dois anos, enquanto o meia chegou ao Corinthians em definitivo. “Sabe por que eu joguei muito melhor no São Paulo? Porque eles cuidaram de mim. Lá eu só precisava jogar”, escreveu Pato no texto publicado nesta terça-feira.
Ele teve maior identificação no tricolor, fez mais gols e recebeu carinho de boa parte da torcida. Ao final do empréstimo, o Chelsea apareceu como uma oportunidade de ouro mas acabaria não sendo. “Eu ainda sonhava em voltar para a Europa. Infelizmente, mais uma vez eu paguei o preço por ser superprotegido”, conta Pato.
“Ainda não entendia os bastidores. Pensei que fossem me levar por empréstimo por seis meses e depois assinaria um contrato por mais três anos. Eu não sabia que eles poderiam dizer não depois do empréstimo. E se eu soubesse? Teria ido para outro clube. Foi uma pena”, lamenta o atacante.