São Paulo – Com textura oleosa no rosto e mais ressecada nas outras partes do corpo, a pele negra tem características marcantes. Por isso, requer uma rotina de cuidados específicos. “Os pacientes com fototipo mais alto têm uma proteção natural contra a radiação solar por apresentarem uma maior presença de melanina na pele e fibras de colágeno mais densas. Isso poderia justificar uma velocidade menor de reabsorção dessas fibras, o que explica o envelhecimento cutâneo mais lento nas pessoas de pele negra”, diz a dermatologista Larissa Oliveira, membro da SDB (Sociedade Brasileira de Dermatologia), do Rio de Janeiro.
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Devido à maior quantidade de melanina, a pele negra mancha com mais facilidade. “Por causa disso, ela tem um fator de proteção natural em relação ao sol de 13,4 comparado a 3, da pele branca”, fala Katleen da Cruz Conceição, dermatologista referência em pele negra, especialista pela SBD e chefe do setor de dermatologia para pele negra do grupo Paula Bellotti, no Rio de Janeiro. “Isso faz com que a pele negra acabe envelhecendo menos e tendo menos risco para câncer de pele. Mas isso não quer dizer que não seja necessário utilizar filtro solar, até porque ela mancha com mais facilidade”, continua ela.
Por outro lado, normalmente são peles mais oleosas e precisam de cuidados especiais. “A pele negra, além de ter mais quantidade de colágeno e mais melanina, também apresenta maior atividade das glândulas sebáceas. Por isto, tem maior tendência à oleosidade e à acne”, explica a dermatologista Michele Monteiro, Membro Titular da SBD, do Rio de Janeiro.
A seguir, veja dicas para adotar uma rotina de cuidados mais adequada para a pele negra.
1 – Limpeza matificante
A limpeza da pele com sabonetes suaves oil control é indicada duas vezes ao dia, de preferência em gel (possuem pH mais fisiológico) e com água fria. “Tônicos com ação adstringente complementam a limpeza e preparam a pele para receber os ativos de tratamento noturnos”, fala Oliveira. O skincare deve incluir, além de sabonete e tônico, um hidratante leve. “Mesmo tendo maior tendência à oleosidade, é importante hidratar a pele. Produtos em sérum são recomendados, pois não deixam a pele pesada e nem obstruem os poros. Estes produtos podem conter ácido hialurônico, que auxilia na hidratação da pele sem deixá-la oleosa”, acrescenta Monteiro.
2 – Antioxidantes bem-vindos
A pele negra costuma envelhecer mais devagar porque suas fibras de colágeno são mais espessas. “E também por ter deficiência da enzima colagenase, que faz com que essa pele acabe perdendo menos colágeno. Com isso ela também é mais propensa à cicatriz hipertrófica e queloides”, fala Conceição. “É interessante a utilização de sabonetes à base de niacinamida, ácido salicílico, glicólico e substâncias uniformizadoras com ácido fítico”, aconselha ela.
Um bom antioxidante de uso diurno é recomendado. “E a queridinha nesse quesito é a vitamina C, que além de prevenir as rugas e sinais de envelhecimento, ainda tem ação estabilizadora da tirosinase (enzima chave na produção de melanina), reduzindo a formação de manchas – dentre elas o melasma”, afirma Oliveira.
A vitamina C também pode ser usada com outros ativos que clareiam a pele e controlam a oleosidade, como o ácido ferúlico e salicílico, respectivamente. Dermocosméticos que contenham ativos calmantes, como a niacinamida; antioxidantes como a Vitamina E; renovadores celulares, como os esfoliantes enzimáticos e químicos, a exemplo do ácido glicólico, são ótimas opções. “São indicados ainda ativos como alfa-hidroxiácido e ácido mandélico. É importante sempre dar preferência a produtos em sérum, pois deixam a pele mais leve e diminuem o risco de oleosidade”, ressalta Monteiro.
3. Proteção solar necessária
Peles negras também precisam de proteção solar adequada. “Por terem maior capacidade de produção de melanina, pigmentam e mancham também com maior facilidade”, alerta Oliveira. Qualquer ponto inflamatório -acne, arranhões e picadas de insetos- pode evoluir com maior pigmentação. Justamente por apresentar essas propriedades, a especialista aconselha o uso de filtro solar mesmo em dias frios, nublados ou chuvosos. É indicado aplicar protetor solar com FPS maior que 30 a cada duas horas, de preferência oil free, para não aumentar a oleosidade, mesmo dentro de casa. “Vale notar que a luz visível é a que mais mancha e pigmenta a pele negra”, fala Conceição.
Como tratar manchas na pele negra?
Clareadores, como o ácido kójico, ácido fítico e ácido tranexâmico, são ótimos aliados.
Pele corporal super seca
Em geral, a pele negra tende a ser mais oleosa no rosto e mais seca no corpo. Especialmente os braços e pernas tendem a ser mais ressecados, ter aspecto esbranquiçado e descamar. Os produtos hidratantes adequados são capazes de melhorar a hidratação e a textura da pele.
“Tanto a pele da axila quanto a da virilha tende a ser mais hiperpigmentada. Cotovelos e joelhos também tendem a ser mais ressecados e propensos a manchas”, alerta Conceição. Os melhores cremes são feitos à base de lactato de amônia, ureia e ceramidas, aplicados ao menos duas vezes por dia, imediatamente após o banho e antes de dormir.
“Como a pele corporal é mais ressecada, vale dar preferência a sabonetes em forma de óleo e hidratantes bem espessos, que podem ser utilizados imediatamente após o banho”, complementa. Pode-se também associar óleos de semente de uva, amêndoas e manteiga de Karité para intensificar a hidratação corporal. “No inverno, é importante evitar banho quente, esfoliação excessiva da pele e uso de esponjas”, finaliza Monteiro.
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